O ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, foi preso nesta quarta-feira (03/04), no Aeroporto Internacional de Madri, após retornar de uma viagem à República Dominicana. A medida ocorre em meio a uma investigação sobre supostos contratos ilegais da entidade enquanto ele a dirigia até setembro de 2023.
A detenção do ex-dirigente foi decretada pelo Tribunal de Majadahonda, mas durou apenas algumas horas, graças a uma liminar solicitada pelos advogados do ex-dirigente, apresentada durante a tarde.
A Justiça da Espanha investiga um suposto caso de corrupção envolvendo os contratos que a RFEF assinou com o governo da Arábia Saudita e com a federação de futebol saudita, para a realização da Supercopa de Espanha no país do Oriente Médio.
Efetivamente, o torneio que reúne os campeões da Liga Espanhola de Futebol e da Copa do Rei teve suas últimas três edições realizadas em Riad, capital da Arábia Saudita, já durante a gestão de Rubiales na RFEF.
As investigações buscam determinar se os contratos que permitiram essa mudança de sede fazem parte de um esquema de desvio de recursos e enriquecimento ilícito em favor do ex-dirigente.
O departamento jurídico da RFEF divulgou um comunicado afirmando que “estamos totalmente dispostos a cooperar com a Justiça nesta investigação”.
Por sua parte, os advogados de Rubiales afirmaram que consideraram a prisão como “um abuso”, já que o dirigente “sempre se mostrou aberto a entregar todos os esclarecimentos solicitados”. Os defensores também disseram que a viagem à República Dominicana “não foi uma tentativa de evadir a Justiça”.
Além de Rubiales, estão sendo investigados o assessor jurídico da RFEF, Tomás González Cueto; os ex-diretores Pedro González Segura e José Javier Giménez, e o empresário Ángel González Segura (irmão de Pedro).
Beijo forçado
A investigação ocorre seis meses depois de Rubiales renunciar ao cargo de presidente da RFEF, em função do beijo forçado que ele deu na jogadora Jenni Hermoso durante a premiação da Copa do Mundo de Futebol Feminino, em agosto passado.
O episódio gerou repúdio não só na Espanha como no mundo inteiro. Rubiales recebeu da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) uma suspensão por três anos, período no qual deve se manter afastado de qualquer atividade ligada ao futebol profissional.
Na Justiça, ele responde a dois processos, um deles movido pela própria Hermoso e outro de iniciativa do Ministério Público da Espanha. Este segundo pede pena de prisão para Rubiales em função do caso.
Em diferentes entrevistas, o ex-dirigente mantém a narrativa de que o beijo teria sido “consensual”. No entanto, há vídeos realizados no mesmo dia em que ocorreu o caso, no vestiário após a partida, em que Hermoso expressa claramente não ter consentido o beijo de Rubiales.
O caso chegou a provocar uma espécie de “Me Too do Futebol” na Espanha, com várias das atletas que ganharam a Copa do Mundo renunciando à seleção do país até que Rubiales e o técnico Jorge Vilda fossem demitidos.