Em meio a uma série de denúncias de crime de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza, o procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan anunciou neste domingo (29/10) que a corte investiga violações em Gaza e na Cisjordânia desde 2014, incluindo os acontecimentos atuais na guerra de Israel contra o grupo palestino Hamas.
“Meu gabinete tem uma investigação em curso com jurisdição sobre a Palestina que remonta a 2014 e quaisquer crimes cometidos no território da Palestina por qualquer parte. E isto inclui a jurisdição sobre os acontecimentos atuais em Gaza e na Cisjordânia. Também estou extremamente preocupado com o aumento do número de incidentes relatados de ataques por parte de colonos israelenses contra civis palestinos na Cisjordânia. Investigaremos estes ataques e todos os outros ataques”, declarou o procurador após visitar a passagem fronteiriça entre Gaza e o Egito, Rafah.
#ICC Prosecutor @KarimKhanQC was at the Rafah Border Crossing between Egypt and the Gaza Strip this weekend.
Watch his remarks on the current situation in Israel and the State of Palestine. ? pic.twitter.com/Z22DMLaAv3
— Int’l Criminal Court (@IntlCrimCourt) October 29, 2023
Com o cerco imposto por Israel ao enclave de Gaza, os mais de dois milhões de habitantes da reunião não têm acesso pleno a alimentos, água, eletricidade e medicamentos. Assim, o procurador sublinhou que tais suprimentos “devem ser envidados sem mais delongas”.
A exigência do procurador decorre dos diversos comboios e caminhões de ajuda humanitária parados em Rafah, esperando autorização de Israel para entrar em Gaza.
Corte Penal Internacional
Procurador do TPI Karim Khan visitou a passagem fronteiriça entre Gaza e o Egito, Rafah
Khan, em seu discurso, ainda lembrou que desde que se tornou procurador do TPI, em junho de 2021, dedicou uma equipe para “investigar a situação na Palestina”.
“A investigação sobre a Palestina sempre foi, e continua a ser, uma investigação muito importante no TPI. É algo que não pode ser esquecido e que está sendo conduzido da forma mais eficaz possível”, garantiu o procurador ao afirmar que tem dedicado “todos os esforços que pode” para entrar na região.
“Os palestinos que não querem participar neste conflito são apanhados em hostilidades. E muitos estão morrendo e sendo feridos. E é alarmante ver os corpos de crianças pequenas que poderiam ser os nossos próprios filhos sendo arrastados, cozidos em pó, imóveis e silenciosos”, lembrou Khan.
Diante disso, o representante do TPI lembrou que “Israel tem obrigações claras em relação à sua guerra com o Hamas” e que seus militares “devem ser capazes de prestar contas pelas suas ações”.
Também condenando os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, afirmou que “quando estes tipos de atos ocorrem, não podem ficar sem investigação e impunes” uma vez que “são violações graves, se provadas, do direito internacional humanitário”.
Segundo Israel, o Hamas detém mais de 200 reféns israelenses sequestrados em seus ataques. Sobre o tema, Khan afirmou que tal medida “representa uma grave violação das Convenções de Genebra”, apelando pela “libertação imediata de todos os reféns feitos em Israel e ao seu regresso em segurança às suas famílias”.
“Meu gabinete certamente examinará todas as informações que recebermos a esse respeito para garantir que a lei não seja algum tipo de extra opcional que se possa pegar e largar. E este princípio aplica-se igualmente ao Hamas em relação ao disparo de foguetes contra Israel, quer visando civis, quer sabendo que não tem a sofisticação necessária para evitar vítimas civis”, instou o procurador.
(*) Com Brasil247