O Parlamento de Israel, o Knesset, votou nesta segunda-feira (19/02) contra a remoção do deputado Ofer Cassif, da coalizão Hadash, liderada pelo Partido Comunista, após uma moção pelo seu impeachment motivada pelo apoio do parlamentar israelense à denúncia da África do Sul contra Tel Aviv no Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio na Faixa de Gaza.
A votação obteve apenas 85 dos 90 votos a favor necessários para a expulsão de Cassif do Parlamento. Além disso, 11 parlamentares se opuseram à moção e 24 estavam ausentes, totalizando os 120 assentos do Parlamento.
Knesset Plenum votes not to remove MK Cassif from office; requisite 90-MK majority for approving motion for his removal was not securedhttps://t.co/7OWZJeUHV0 pic.twitter.com/llT4vSvt6E
— The Knesset (@KnessetENG) February 19, 2024
Como um dos únicos deputados israelenses contrários à ofensiva em Gaza, Cassif comemorou a decisão por meio das redes sociais: “a voz contra a guerra, contra a carnificina de civis inocentes, pela libertação imediata dos reféns, pela paz e pela justiça não será silenciada – a minha voz não será silenciada!”.
“Embora esteja feliz que a moção para me expulsar tenha falhado, estou chocado que 85 membros do Knesset tenham votado a favor de um impeachment ilegal”, declarou o parlamentar, afirmando que o movimento “mostra o estado horrível e frágil das instituições” do governo de Israel “que afirma ser a única democracia no Oriente Médio”.
The voice against the war, the voice against the carnage of innocent civilians, the voice for the immediate release of the hostages, the voice for peace and justice will not be silenced – My voice will not be silenced!
While I'm happy that the motion to expell me fell, I'm…
— Ofer Cassif עופר כסיף عوفر كسيف (@ofercass) February 19, 2024
The Knesset/Twitter
Ofer Cassif é um dos únicos deputados israelenses contrários à ofensiva em Gaza
Apelos pela expulsão de Cassif
Antes da votação, o deputado que solicitou a moção, Oded Forer, do partido Yisrael Beitenu, chegou a apelar ao Parlamento, afirmando que “ninguém se sentará no Knesset para agir contra” os soldados de Israel, e provocou Aharon Barak, ex-juiz da Suprema Corte do país, que questionou a defesa de Israel caso fosse indiciado no TPI.
“Barak disse em seu parecer em Haia que, se a ação [apresentada pela África do Sul] fosse aceita, o Estado de Israel não teria condições de se defender. O que estamos fazendo agora [referindo-se à votação contra Cassif] é defender o Estado de Israel”, declarou.
O presidente do Comitê da Câmara, Ofir Katz, do partido Likud, também discursou contra Cassif, afirmando que “cada minuto em que atua no Knesset de Israel é uma vergonha para o parlamento e para o Estado de Israel”.
Katz ainda declarou que o parlamentar é um “apoiador do terrorismo, que elogia os terroristas e dá legitimidade para ferir os soldados israelenses, além de minar a legitimidade do Estado de Israel”.
Por sua vez Cassif defendeu-se afirmando que seu suposto apoio ao grupo palestino Hamas é uma “mentira descarada que não poderia estar mais longe da verdade”.
“Por trás da mentira na qual se baseia o pedido de demissão, há uma clara intenção maliciosa: perseguição política e silenciamento de qualquer voz crítica, e particularmente a dos cidadãos árabes e seus representantes no Knesset, com o objetivo de excluí-los completamente do discurso público e parlamentar”, declarou o deputado.