Centenas de manifestantes se reúnem neste sábado (13/04) na praça Alexanderplatz, em Berlim contra o cancelamento, pela polícia alemã, de uma conferência pró-Palestina que deveria acontecer entre esta sexta-feira (12/04) e o próximo domingo (14/04).
A interrupção e cancelamento do evento foram informadas pela polícia de Berlim (Polizei Berlin Einsatz) na sexta para deter o médico palestino-britânico Salman Abu Sitta, um dos oradores do congresso, por suposta “proibição de atividade política” por antigas “declarações públicas antissemitas”.
Antes de chegar ao evento, atrasado pela polícia por hipotéticos problemas técnicos, Abu Sitta também denunciou que foi detido pelas autoridades alemãs no aeroporto em tentativa de impedir sua entrada na Alemanha.
“No ‘Congresso da Palestina’ foi incluído um orador proibido de atividade política. Existe o risco de um orador que já fez declarações públicas antissemitas ou violentas no passado ser repetidamente chamado. A reunião foi, portanto, encerrada e a proibição também foi imposta no sábado e domingo”, justificou a polícia por meio das redes sociais.
Auf dem "Palästina-Kongress" wurde ein Redner zugeschaltet, der ein politisches Betätigungsverbot hat.
Es besteht die Gefahr, dass wiederholt ein Redner zugeschaltet wird, der sich schon in der Vergangenheit antisemitisch bzw. gewaltverherrlichend öffentlich geäußert hat.
Daher… https://t.co/yqZKggFEc4— Polizei Berlin Einsatz (@PolizeiBerlin_E) April 12, 2024
Desta forma, informou destacar “cerca de 900 serviços de emergência para fazer cumprir a proibição do “Congresso Palestino” neste sábado a fim de “proteger reuniões relacionadas com o conflito no Oriente Médio”.
Guten Tag Berlin,
wir sind heute mit ca. 900 Einsatzkräften zur Durchsetzung des Verbots des "Palästina-Kongress" und zum Schutz angezeigter Versammlungen im Zusammenhang mit dem Nahostkonflikt im Einsatz.#b1304— Polizei Berlin Einsatz (@PolizeiBerlin_E) April 13, 2024
Defesa do Congresso Palestino em Berlim
Uma dos organizadoras do congresso, Nadija Samour, em entrevista à agência de notícias turca Anadolu, acusou que a ação contrária à conferência pró-Palestina parte do governo alemão.
Há “pressão do governo federal” para cancelar o Congresso Palestino, disse Samour. Ela também acusou Berlim de atrasar intencionalmente o início do Congresso, citando razões técnicas como pretexto.
“O congresso não poderia ser banido. A liberdade de reunião protege o congresso, razão pela qual a polícia promoveu todo tipo de assédio”, denunciou ainda.
Comentando o atraso intencional de Sitta no aeroporto, a ativista germano-palestina disse “que não há absolutamente nenhuma base legal para isso, nenhuma justificativa. Sitta é reitor da Universidade de Glasgow. Não consigo imaginar que ele seja uma pessoa perigosa ou que incite a violência. Muito pelo contrário”.
A conferência de três dias analisaria criticamente o papel de apoio militar da Alemanha na guerra de Israel em Gaza, motivo pelo qual o país europeu está respondendo a um processo da Nicarágua na Corte Internacional de Justiça por apoio ao genocídio palestino na Faixa de Gaza.
Os organizadores, agora em protesto, apelam a um cessar-fogo imediato, retirada imediata do exército israelense do enclave e “cessação imediata de todo o apoio militar, diplomático e econômico a Israel por parte do Estado alemão, bem como a um embargo militar abrangente” a Tel Aviv.
(*) Com Monitor do Oriente Médio