A Columbia Law Review, revista online da faculdade de direito da Universidade de Columbia, foi tirada do ar após publicar um artigo escrito por um advogado palestino de direitos humanos, no qual acusava Israel de cometer genocídio e apartheid com sua ofensiva na Faixa de Gaza.
O texto de Rabea Eghbariah, doutorando em Harvard, afirma que Israel comete “crimes contra a humanidade e subjugação da Palestina”.
Segundo noticiou a AFP, os estudantes editores denunciaram ter sofrido pressão do conselho administrativo da revista para que o artigo não fosse publicado. Após recusarem a censura e publicarem o texto, o site foi fechado e consta como “em manutenção”.
A agência de notícias ressalta que os alunos de direito responsáveis pela produção do material descreveram a intervenção como “uma violação sem precedentes da independência editorial”.
Historicamente o conselho administrativo apenas supervisiona as finanças da revista, mas não desempenha nenhuma função na redação e edição dos artigos.
Por sua vez, em uma carta enviada aos editores e compartilhada com a Associated Press, o conselho justifica sua tentativa de censura sobre o artigo intitulado “Nakba como conceito jurídico” como “preocupação” por supostamente não ter sido submetido aos “processos usuais de revisão ou seleção de artigos”.
Uma das exigências do conselho, inclusive, é que o artigo acompanhe uma nota de declaração anexada, dizendo que o texto não foi sujeito a um processo de revisão padrão ou disponibilizado para todos os editores estudantes lerem com antecedência.
Apesar das alegações de que o artigo não havia passado pelas etapas de seleção comuns à revista, os editores afirmaram que o texto foi encomendado após haver uma “esmagadora votação” para encomendar um artigo sobre as questões jurídicas palestinas.
Assim, justificou a retirada do site do ar para “preservar o status quo e fornecer aos editores estudantes uma oportunidade para revisar o artigo”, além de “dar tempo para a revisão jurídica determinar como proceder”.
No entanto, Erika Lopez, uma das editoras que trabalhou no artigo, disse que a alegação sobre o texto não ter sido submetido aos processos padrões de revisão é “completamente falsa”.
Já o autor do artigo, Eghbariah, afirmou que a suspensão do site por causa da publicação de seu texto é “um microcosmo de uma repressão autoritária mais ampla que ocorre nos campus das faculdades dos EUA”.
A Universidade de Columbia foi palco de um dos maiores acampamentos pró-Palestina nos Estados Unidos, exigindo que a reitoria rompesse as contribuições acadêmicas com instituições israelenses e rechaçando o apoio militar norte-americano ao governo Netanyahu.