Durante a sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta segunda-feira (28/02), o Brasil reforçou sua posição anti-guerra, mas criticou as sanções impostas contra a Rússia e o fornecimento de armas dos Estados Unidos e da União Europeia à Ucrânia.
“Reiteramos nosso pedido para um cessar-fogo imediato”, disse o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho durante a sessão que discutiu a crise no leste da Europa, reafirmando o voto do país em favor da resolução apresentada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas na última sexta-feira (26/02) contra a Rússia.
Na ocasião, o texto recebeu 11 votos a favor dos 15 disponíveis, mas foi vetado pela Rússia, já que o país é um dos cinco membros permanentes do Conselho, e, portanto, tem o direito de vetar proposições.
“Estamos com um aumento rápido das tensões, que podem colocar toda a humanidade em risco, mas ainda temos tempo para parar com isso”, destacou Costa Filho nesta segunda, acrescentando que o Brasil acredita “que o Conselho de Segurança ainda não exauriu os instrumentos que tem a disposição para contribuir para uma solução negociada e diplomática, a caminho da paz”.
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Apesar de Bolsonaro defender `’neutraiidade’, embaixador brasileiro se posicionou contra a guerra, em reunião na Assembleia Geral da ONU
O embaixador brasileiro disse que a comunidade internacional precisa “fazer o que for preciso antes que seja tarde demais” e defendeu que não há motivos de segurança que justifiquem o uso da força pela Rússia. Apesar disso, ele criticou as sanções impostas contra o país do leste europeu e o fornecimento de armas dos EUA e de países europeus à Ucrânia, afirmando que estas medidas podem piorar a situação.
“Estamos testemunhando uma sucessão de ofensas que, se não forem contidas, poderão levar a um confronto maior. E todo mundo vai sofrer, não apenas aqueles que estão lutando. A situação atual de forma nenhuma justifica o uso da força contra a integridade territorial e soberania de nenhum Estado integrante de ONU. É contra os princípios mais básicos que nós defendemos e estão na carta da ONU”, concluiu Costa Filho.
No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil “não vai tomar partido”, e que deve manter uma posição neutra em relação aos conflitos. O mandatário ainda criticou a cobertura jornalística da imprensa brasileira sobre os acontecimentos na Europa.
Na quinta-feira (24/02) o vice-presidente Hamilton Mourão chegou a dizer que não concordava com a ofensiva, mas foi desautorizado por Bolsonaro durante transmissão pela internet.
(*) Com Ansa.