O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta quinta-feira (04/04) que as relações entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estão agora em situação de “enfrentamento direto” em decorrência da guerra na Ucrânia.
Segundo o representante, o envolvimento dos países membros da aliança não está mais em “constante crescimento” porque “já estão envolvidos no conflito” com seu “movimento e infraestrutura militar em direção às fronteiras russas”.
A aliança, que foi criada como instrumento de confronto, continua a mostrar a sua essência e a desempenhar as suas funções que não contribuem para a segurança, mas se transformam em um fator de desestabilização, acrescentou o porta-voz.
As declarações de Peskov acontecem no momento em que a OTAN comemora seu 75º aniversário em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da aliança em Bruxelas.
Na visão do embaixador russo na Bélgica, Aleksandr Tokovinin, a reunião de comemoração desta quinta-feira e a cúpula da aliança que acontecerá em julho nos Estados Unidos “continuarão o curso previamente estabelecido de confronto com a Rússia e de aumento das tensões na Europa”.
“Nada será dito sobre o nível de imprudência do compromisso da OTAN na escalada da crise ucraniana, que está repleta de um deslize para um confronto militar direto entre potências nucleares com consequências catastróficas”, afirmou Tokovinin ao considerar que a paz na Ucrânia não é uma ‘prioridade’ da aliança.
Ocidente rejeita propostas de paz do Sul Global
Já o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, falou também nesta quinta-feira (04/04) sobre as possibilidades de solução do conflito.
Segundo o chanceler “apenas algumas mudanças marginais” são possíveis na crise porque o Ocidente não considera as propostas de paz sugeridas pelos países do Sul Global.
Em julho de 2023, às margens da Cúpula Rússia-África, Lavrov reconheceu a iniciativa do Brasil e da África do Sul de discutir uma saída diplomática para a crise, mas já havia considerado a falta de disposição dos aliados de Kiev de ouvir tais proposições.
“Perguntei aos que participaram da reunião de Davos que atenção tem sido dada a estas iniciativas da maioria mundial, e me disseram: ‘Não foi dada nenhuma atenção. Não são precisas as iniciativas vindas deles'”, disse o chefe da diplomacia russa sobre a ocasião.
(*) Com Sputnik