Em seu segundo dia de visita à França, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou nesta sexta-feira (07/06) na Assembleia Nacional, em Paris, antes de se reunir para uma bilateral com o presidente Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu. É sua primeira visita oficial ao país, mas a quarta vez que vai à França desde o início da guerra na Ucrânia.
“A Europa já não é um continente de paz” desde o início da invasão da Ucrânia, disse o presidente Volodymyr Zelensky aos deputados franceses, chamando o presidente russo, Vladimir Putin, de “um inimigo comum” ao seu país e à Europa.
O líder ucraniano também disse esperar que a cúpula de paz, marcada para 15 e 16 de junho na Suíça, consiga aproximar a guerra para um fim mais justo. A conferência poderá ser o “Dia D” da Ucrânia, acrescentou, um dia depois das cerimônias que assinalaram o 80º aniversário do desembarque na Normandia, das quais participou como convidado.
Diante dos deputados franceses, o presidente ucraniano alertou para a situação na Europa. Segundo ele, a guerra liderada pela Rússia teria trazido de volta o “nazismo”. “Mais uma vez na Europa as cidades são completamente destruídas e o vilarejos são queimados. Mais uma vez na Europa surgem campos de concentração, deportações e ódio”, enumerou.
“Vejam o que Putin está fazendo com seu próprio país e com seu próprio povo. Este é um território onde a vida já não tem valor. É o oposto de tudo o que aspiramos e dos nossos valores, é o oposto da liberdade, o oposto da igualdade e o oposto da fraternidade. Portanto, é o oposto da Europa, é anti-Europa”, declarou.
Zelensky agradeceu várias vezes o apoio militar e diplomático da França. Na véspera, Emmanuel Macron anunciou a transferência de aviões de combate para Kiev e o chefe de Estado ucraniano afirmou que a vitória era possível, apesar dos progressos russos na frente. “Podemos vencer esta batalha, certamente, sim”, garantiu o presidente ucraniano.
“Para uma paz justa, é necessário mais”, disse ele. “E não é uma crítica, é apenas necessário fazer mais hoje para se derrotar o mal.” Zelensky sinalizou para o momento histórico para seu país e os aliados. “A batalha está numa encruzilhada, este é o momento em que podemos todos juntos escrever a história que aspiramos, ou podemos nos tornar vítimas da história como quer o nosso inimigo, o nosso inimigo comum”, declarou.
Aprovação em baixa
Após dois anos de guerra com a Rússia, 59% dos ucranianos ainda confiam em seu presidente Volodymyr Zelensky, mas o indicador está no seu nível mais baixo desde o início da invasão e continua a cair, de acordo com uma sondagem publicada sexta-feira.
A popularidade de Zelensky, no cargo há cinco anos, aumentou após o início da invasão russa em fevereiro de 2022, atingindo um recorde de 90% em maio do mesmo ano, segundo dados do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev.
Mas este apoio caiu para 77% em dezembro passado, 64% em fevereiro e 59% em maio, indicou o Instituto em um comunicado citando a pesquisa realizada em meados de maio numa amostra representativa de mais de mil pessoas.
Ao mesmo tempo, a desconfiança no presidente aumentou para 36% em maio, em comparação com 35% em fevereiro, 22% em dezembro e 7% em maio de 2022, segundo o comunicado de imprensa.