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A história do automóvel mudou para sempre quando, em 16 de junho de 1903, a Ford Motor Company foi constituída com 28 mil dólares aportados por 12 investidores – entre os quais se incluía o sócio que deu nome à companhia. Henry Ford ficou com 25,5% das ações, assumindo as funções de vice-presidente acumuladas com as de engenheiro-chefe. Inicialmente eram produzidos uns tantos automóveis por dia na fábrica de Mack Avenue, Detroit. Dois ou três operários cuidavam da montagem de cada veículo a partir de componentes fabricados por terceiros. O primeiro automóvel Ford foi vendido em 23 de julho de 1903.
A Ford continuou crescendo até se tornar uma das maiores e mais lucrativas corporações do mundo. A família Ford manteve o controle societário durante quase 100 anos. Foi uma das grandes empresas que conseguiu sobreviver à Grande Depressão dos anos 1930. Ford revolucionou a indústria com o seu Modelo T e foi responsável pela popularização do automóvel como meio de transporte. Esse veículo assinalaria uma nova era quanto ao transporte pessoal – fácil de conduzir, manter e dirigir em estradas acidentadas e foi um sucesso imediato.
Anos antes, na primavera de 1896, completou a sua primeira ‘‘carruagem sem cavalos’’, que mais tarde vendeu por 200 dólares, de forma a construir outro automóvel, mais leve e forte.
Em 1899, já tinha construído três carros e ganho a experiência necessária. Abandonou a Edison Illuminating Company, juntou-se a dois sócios e, com o apoio de um pequeno grupo de empresários, organizou a Detroit Automobile Company.
A companhia desmembrou-se em 1900, depois de Ford se queixar de que os diretores não estavam dispostos a massificar a produção de um modelo padrão.
O primeiro carro produzido pela Ford demorou um mês para ser vendido, mas a partir daí os pedidos e a produção aumentaram rapidamente. Os primeiros lucros permitiram melhorar os modelos e aumentar a produção. Entre 1904 e 1905, foram vendidos mais de 5000 veículos.
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Ford, ao contrário de seus sócios, acreditava que um modelo simples seria mais interessante para os negócios. Estas divergências levaram Ford a assumir a presidência em 1906.
Em 1906 e 1907, Ford implantou na companhia a política de produzir um carro padronizado relativamente barato, que necessitasse de um mínimo de cuidado e custos de manutenção. Projetou primeiro o Modelo N e o melhorou, construindo o Modelo T, que ficou conhecido em todo o mundo como o ‘‘carro Ford’’. Em 1909, anunciou que a companhia fabricaria apenas o chassis do Modelo T.
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A fábrica de Ford formulou planos para a produção em quantidades até então impensáveis. Durante 1912 e 1914, foram instalados os métodos de produção em massa, incluindo as linhas de montagem de movimento contínuo. Tornou-se, então, possível montar um carro em cada 93 minutos que antes levava 12 horas e meia. Em 1915, já circulava um milhão de Modelos T.
Para Henry Ford, o ciclo de produção começava com o cliente: considerava que a mercadoria deveria ser ajustada de forma a atender ao maior número possível de consumidores em qualidade e preço; o número de clientes tenderia a aumentar continuamente conforme o preço do artigo; o poder de compra aumentaria se os salários daqueles que trabalhavam na produção e distribuição fossem adequados.
Em janeiro de 1914, Ford aumentou os salários para um mínimo de cinco dólares por oito horas de trabalho – a média até então era de R$2,40 por nove horas de trabalho. Já em 1925, um carro emergia das linhas de montagem a cada 15 segundos.
Tudo estava a progredir rapidamente. Em 1919 Henry e o seu filho, Edsel, adquiriram as participações dos acionistas minoritários por 105.568.858 dólares, tornando-se assim nos únicos proprietários da empresa. Edsel sucedeu ao pai como presidente até 1943, ano de sua morte, em 1943.
Por dois anos, Ford reassume a presidência. Em setembro de 1945, é sucedido pelo neto, Henry Ford II. No ano seguinte, Henry foi distinguido pela American Automotive Golden Jubilee pela sua contribuição para a indústria automóvel e, mais tarde nesse mesmo ano, o American Petroleum Institute condecorou-o com a sua primeira medalha de ouro pelo sua “admirável contribuição para o bem-estar da humanidade”.
Face menos conhecida de sua biografia era o arraigado antissemitismo. Seu livro The International Jew (“O judeu internacional”) teve um impacto considerável na Alemanha. Traduzida em 1921 para o alemão, foi uma das fontes do antissemitismo nacional-socialista.
Em dezembro de 1922, um jornalista do “The New York Times”, em visita à Alemanha, contou que “a parede situada atrás da mesa do gabinete privado de Hitler, estava decorada com um quadro representando Henry Ford”. Na antessala, uma mesa estava coberta de exemplares de Der Internationale Jude. Outro artigo do mesmo jornal publicou, em fevereiro de 1923, as declarações de Erhard Auer, vice-presidente da Dieta bávara, acusando Ford de financiar Hitler, por ser favorável ao seu programa que previa “o extermínio dos judeus na Alemanha”. Ademais, Hitler concedeu a Ford, em 1938, a Grã Cruz da Ordem Suprema da Águia Alemã criada em 1937 para homenagear as altas personalidades estrangeiras.
Henry Ford faleceu na sua casa, em Fairlane em Dearborn, a 7 de Abril de 1947 às 23h40. Tinha 83 anos.
Também nessa data:
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