A cerimônia oficial pelo 78º aniversário do lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima ganhou destaque em alguns meios de comunicação pelo fato de que os principais participantes omitiram qualquer menção aos Estados Unidos como autor daquele ataque.
O evento aconteceu neste domingo (06/08), exatamente 78 anos depois da ação militar ocorrida no dia 6 de agosto de 1945, e contou com a presença do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, do presidente da Câmara Municipal de Hiroshima, Kazumi Matsui, além de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e de diversos países convidados, incluindo os Estados Unidos, que enviou seu embaixador no Japão, Richard Mei Jr.
O principal discurso foi o do premiê Kishida, que não fez qualquer menção ao fato de os Estados Unidos terem sido os responsáveis, tanto por esse ataque quanto pelo que aconteceu três dias depois, em 9 de agosto de 1945, sobre a cidade de Nagasaki, também utilizando uma bomba atômica.
“Como o único país que viveu o horror da devastação nuclear numa guerra, o Japão continuará com seus incansáveis esforços para alcançar um mundo sem armas nucleares”, afirmou o primeiro-ministro japonês.
Além de preservar os Estados Unidos, Kishida, aproveitou o momento para fazer críticas à Rússia, país que não teve qualquer participação no ataque a Hiroshima, e que também não mantém conflito bélico com o Japão atualmente.
Fumio Kishida Twitter
Bombardeio atômico à cidade de Hiroshima completou 78 anos neste domingo (06/08) e foi recordado pelo governo local
“A crescente divisão na comunidade internacional sobre as abordagens ao desarmamento nuclear, a ameaça nuclear da Rússia e outras preocupações tornam ainda mais difícil o caminho para esse mundo que buscamos”, acrescentou o premiê.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi outra figura que preferiu não mencionar os Estados Unidos como o autor da tragédia. Em seu discurso, ele também fez alusões aos conflitos bélicos da atualidade, mas sem se referir à Rússia ou à Ucrânia.
“Os tambores da guerra nuclear estão a tocar novamente. A desconfiança e a divisão entre os países estão crescendo. A sombra nuclear que pairava sobre a Guerra Fria voltou a emergir e alguns países estão empunhando novamente o sabre nuclear de forma imprudente, ameaçando utilizar estes instrumentos de aniquilação”, afirmou.
Guterres completou sua exposição dizendo que “há quase oito décadas, as armas nucleares reduziram Hiroshima a cinzas, mas qualquer pessoa que tenha estado aqui sabe que as memórias nunca se apagarão”, sem dizer que foi um ataque realizado pelos Estados Unidos o que produziu a tragédia que ele descreveu.
Diversos estudos realizados sobre o bombardeio de Hiroshima estimam que entre 70 mil e 100 mil civis morreram na região em consequência do ataque apenas no dia 6 de agosto de 1945, e que o número total de mortes registradas, de cerca de 140 mil pessoas, incluiu as dezenas de milhares de vítimas que padeceram posteriormente devido a ferimentos e efeitos da radiação.
Com informações de RT.