Denis Diderot, o enciclopedista, que morreu em Paris em 31 de janeiro de 1784, foi o iniciador da Enciclopédia, a soma de todos os conhecimentos acumulados até o século 18.
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Nasceu em 5 de outubro de 1713, em uma família rica de Langres, na Champagne. Os pais o destinaram à carreira eclesiástica, porém logo perde a fé e leva uma vida de boêmio até o seu casamento, aos 30 anos.
Á época, toma conhecimento da obra de dois pensadores igualmente anticonformistas, Rousseau e Grimm. Diderot passa então a publicar alguns escritos filosóficos.
A notoriedade acontece em 1749 com sua “Carta sobre os Cegos Usados por Aqueles que Vêem” em que afirma seu ateísmo: “É muito importante não confundir a cicuta com a salsinha mas de modo algum crer ou não crer em Deus”, escreveu com ironia. Resultado: dois meses de detenção no forte de Vincennes.
Ao sair da prisão, o livreiro Le Breton lhe submete o projeto de uma enciclopédia, ao qual Diderot se joga de corpo e alma, sem renunciar às numerosas publicações pessoais.
Em 1º de julho de 1751 surge o primeiro volume da Enciclopédia, precedido do Discurso Preliminar de Jean le Rond d'Alembert. Era o início de uma aventura editorial sem precedentes que iria sacudir o mundo das ideias em toda a Europa.
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A difusão da Enciclopédia foi favorecida pelo fato de que naquele “Século das Luzes” falava-se francês em todas as cortes e em todos os salões europeus, de São Petersburgo a Lisboa.
O projeto nascera seis anos antes, fruto do desejo do livreiro Le Breton de traduzir a Cyclopaedia do inglês Ephraim Chambers, um dicionário ilustrado das ciências e das artes, publicado em 1728.
O livreiro submete a ideia a Diderot, 32 anos. Esse inquieto jovem, que se dizia filósofo, tinha em perspectiva não mais uma simples tradução e sim “um quadro geral dos esforços do espírito humano em todos os gêneros e em todos os séculos”. Daí o seu título, Enciclopédia, neologismo forjado segundo uma expressão grega que designa as ciências a serem ensinadas.
Diderot chama seu amigo, o matemático e filósofo Jean d'Alembert para ajudá-lo. Em outubro de 1750, expõe seu projeto para atrair subscritores. Não menos de 2 mil respondem ao apelo e pagam cada qual 280 libras, o equivalente ao ingresso anual de um operário. Os grandes pensadores de seu tempo aceitam também colaborar com a obra editorial.
A influente marquesa de Pompadour, amante do rei Luis XV, estende sua proteção a Diderot. Ela logo se mostraria indispensável num ambiente superexcitado dos salões mundanos.
O sucesso da Enciclopédia é imediato na França e também em toda a Europa das Luzes. Sua tiragem se eleva rapidamente a 4.200 exemplares, número considerável levando-se em conta o custo e a amplitude da obra.
Os primeiros problemas começam com um artigo sobre a Gênese e a criação do mundo redigido por um eclesiástico, de certo modo livre pensador, o abade de Prades.
Os jesuítas julgaram o texto herético e obtêm de um bispo que condenasse ao fogo, em fevereiro de 1752, os dois tomos da Enciclopédia já publicados.
Madame de Pompadour e o diretor da Biblioteca Real, Guillaume de Malesherbes, responsável também pela censura, intervêm para fazer levantar a interdição e autorizar a publicação dos cinco tomos seguintes. Isso não impediu o prosseguimento de ataques por todos os lados contra a Enciclopédia.
O tempo se fecha a partir de 1757 e do atentado de um desequilibrado, Damiens, contra o rei. Os devotos sobem o tom contra os enciclopedistas, culpados por criticar a religião católica. Os jesuítas, atingidos em seu prestígio em matéria de educação, figuravam entre os mais virulentos adversários.
Inesperadamente, Rousseau corta relações com Diderot e se desliga da Enciclopédia em razão do verbete Genebra, em que o autor d'Alembert critica os modos austeros da cidade calvinista.
Em 8 de março de 1759, sob um falacioso pretexto, o Conselho de Estado proíbe a venda da Enciclopédia e exige o reembolso aos 4 mil subscritores.
No total, em 30 anos, seriam publicados 28 volumes compreendendo 11 livros de ilustrações e um milhar de artigos de autoria de cerca de 200 colaboradores, entre eles os mais reputados de seu tempo.
Também nesta data:
1556 – Morre Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus
1943 – Alemães se rendem em Stalingrado
1974 – Morre Samuel Goldwin, pioneiro do cinema