No dia 14 de novembro de 1914, em Constantinopla, capital do Império Otomano, o Ul-Islam proclama uma “Guerra Santa” islâmica (Jihad) em defesa do governo otomano, instando seus seguidores muçulmanos a empunhar armas contra a Grã Bretanha, França, Rússia, Sérvia e Montenegro na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
À época em que a Grande Guerra eclodiu, no verão de 1914, o Império Otomano hesitava em participar e de que lado participar, uma vez que tinha perdido muito do seu então considerável território na Europa, com sua derrota na Primeira Guerra dos Bálcãs, dois anos antes.
Buscando aliar-se com uma das grandes potências europeias com o fim de ajudá-lo a salvaguardar contra futures perdas territoriais, os ambiciosos líderes otomanos, membros do CUP (Comitê da União e Progresso), conhecidos coletivamente como os Jovens Turcos, responderam favoravelmente às ofertas feitas pela Alemanha em agosto de 1914.
Embora a Alemanha e a Turquia já tivessem concluído secretamente uma aliança militar em 2 de agosto, os turcos só passaram a fazer parte oficialmente da Primeira Guerra Mundial alguns meses mais tarde.
Wikimedia
Jovens Turcos reunidos em Tessalônica, em 1909
Em 29 de outubro, a Marinha otomana, inclusive dois navios germânicos, Goeben e Breslau, que numa famosa manobra haviam escapado de um confronto com a Marinha britânica na primeira semana da Guerra para alcançar Constantinopla—atacaram portos russos no Mar Negro, marcando o começo da participação turca na guerra.
A declaração do xeique apelando à ‘guerra santa’, pronunciada duas semanas mais tarde, instava os muçulmanos de todo o mundo, inclusive os residentes nos países das forças aliadas, inimigas da Turquia, a levantar-se e defender o Império Otomano, como protetor do Islã das ameaças de seus inimigos.
“Para aqueles que partirem para a Jihad em defesa da felicidade e da salvação dos que acreditam na vitória de Deus” rezava a declaração, “a parcela que restar viva encontrará a felicidade, enquanto os que partirem para o outro mundo sua ida significará um martírio. De acordo com a bela promessa de Deus, aqueles que sacrificarem suas vidas para dar vida à verdade serão honrados neste mundo e seu destino final é o paraíso.”