Atualizada em 26 de janeiro de 2015, às 6h00
Os Estados Unidos, com seu poderio esportivo, costumam colecionar medalhas de ouro nas Olimpíadas. Mas em 1980, a política falou mais alto e o país abriu mão de disputar os Jogos de Moscou. A pedido do presidente Jimmy Carter, o comitê olímpico norte-americano decidiu, em 26 de janeiro daquele ano, pelo boicote. A rigor, o pedido de Carter era para que o comitê instasse o Comitê Olímpico Internacional (COI) a cancelar a competição ou mudar a sede, o que não ocorreu. O ato presidencial foi uma resposta à invasão militar soviética do Afeganistão, ocorrida no mês anterior.
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Mapa com os países que boicotaram o evento
Demonstrando uma vez mais que a Guerra Fria estava se infiltrando em cada aspecto da vida no planeta, a ação indicava que até os Jogos Olímpicos, uma tradicional arena de confraternização e amizade, poderia se transformar num evento altamente politizado.
Carter tinha deixado claro que se os soviéticos não se retirassem do Afeganistão até 20 de fevereiro, o cancelamento da participação dos Estados Unidos seria certo. Contrários a essa posição, muitos atletas olímpicos norte-americanos criticaram publicamente tanto a decisão do comitê quanto o ultimato de Carter, considerando que uma competição internacional desse nível não deveria ser instrumento de desavenças políticas.
Os soviéticos ignoraram tanto o voto quanto o ultimato, e pela primeira vez na história os Jogos foram realizados sem os Estados Unidos. Quase uma década se passou até que os soviéticos abandonassem o território afegão.
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Medalha de bronze entregue durante jogos de Moscou
A Olimpíada de Moscou tinha tudo para ser grandiosa. Desde 1974, quando a escolha foi anunciada, a capital russa preparou-se para apresentar ao mundo uma Olimpíada inesquecível. Porém, as diferenças políticas e as pressões diplomáticas levaram a um boicote amplo, que esvaziou o torneio.
Jimmy Carter pressionou muitos países a aderir ao boicote, incluindo a Alemanha Ocidental, o Canadá e o Japão. Alguns países ocidentais apoiaram a iniciativa de Washington, como França, Portugal e Reino Unido, mas deram livre arbítrio para os atletas irem à União Soviética ou não. Mas esses países mandaram delegações reduzidas. No total, 61 países aderiram ao apelo dos EUA. O boicote afetou muitos eventos. Competições aguardadas como basquete, atletismo e natação perderam o brilho.
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Somente 80 países – o menor número desde 1956 – estiveram presentes. A bandeira olímpica foi o estandarte utilizado por 16 delegações. Na cerimônia das medalhas, alguns países também optaram pela bandeira e o hino do COI, em vez dos símbolos nacionais.
Pela primeira e única vez, os Jogos não foram transmitidos exclusivamente por uma rede de TV norte-americana. A NBC abriu mão das transmissões em virtude do boicote, limitando-se a passar flashes em videotape das competições em sua programação diária. Um pool televisivo formado pela rádio e TV estatais da antiga URSS, a Univision, a Eurovision, a Televisa mexicana e a canadense CTV foi responsável pelas imagens ao vivo para todo o planeta.
Misha, o ursinho símbolo dos Jogos de Moscou (abaixo), tornou-se o mais popular mascote olímpico da história. Quem não se lembra de sua imagem derramando uma lágrima na cerimônia de encerramento do evento, formada por placas movimentadas por participantes nas arquibancadas?
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Ursinho Misha
Também nessa data:
1654 – Últimos colonos holandeses no Brasil são expulsos de Pernambuco
1788 – É estabelecida a primeira colônia penal britânica na Austrália
1841 – Reino Unido inicia ocupação formal de Hong Kong
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