Terça-feira, 10 de junho de 2025
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Téspis de Icária, segundo fontes da Grécia Antiga e, em especial, Aristóteles, foi a primeira pessoa a aparecer em um palco como ator, desempenhando um personagem em peça teatral. Outras fontes o colocam como dramaturgo, introduzindo o conceito de protagonista e da técnica deste contracenar com o coro.

Ele era cantor de ditirambos – composição poética com estrofes irregulares que festejavam o vinho, a alegria, os prazeres da mesa, em tom entusiástico e/ou delirante. Credita-se a ele ter introduzido o estilo no qual um cantor ou ator desempenhava um único personagem em cada história, distinguindo-se os personagens com a ajuda de distintas máscaras.

Esse estilo foi chamado de tragédia e Téspis era o seu mais popular expoente. Em 23 de novembro de 534 a. C. foram criadas competições para eleger-se a melhor tragédia em Atenas. Téspis foi o ganhador da primeira competição documentada. Valendo-se de seu sucesso, percorreu várias cidades em carroça, apresentando-se com suas vestimentas e máscaras.

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Foi durante uma Olimpíada que Téspis apresentou sua primeira tragédia: “[…] Um homem, um ‘desconhecido’, ‘alguém’, que se deixa arrastar pelas forças sagradas de Melpomene, alguém que é capaz de representar cinco ou seis personagens ao mesmo tempo, alguém que escreve as obras e as interpreta com um magnífico ‘sentido de imitação”.

Foi o primeiro ator e o primeiro autor ocidental conhecido. Assim como escrevia e representava, também defendia seus direitos autorais, criando a primeira altercação entre o teatro e o governo quando discutiu com Sólon (640-558 a.C), legislador ateniense, a razão de seus ataques aos deuses do Olimpo. Representava vários papéis numa mesma apresentação e, mais tarde, acusado de hipócrita por Sólon, reconheceu: “[…] Fui, em verdade, um grande ator, mas também um hipócrita. Meus deuses, meus mercadores e meus pobres não eram mais que pedaços de minha alma endurecida”.

Em suas origens, o ator grego da comédia – possivelmente posterior ao da tragédia – era alguém mais descontraído e brincalhão, portador da vivacidade e da folia que vai caracterizar o cômico em todos os tempos. Os espectadores assumiam uma embriaguez coletiva, e o espetáculo aos poucos ia se tornando uma encenação de grande participação popular.

Os precursores do teatro ocidental se sucedem. Quérilo viveu o bastante para concorrer, quase centenário, com Sófocles (495-405 a. C.). Frínico teria se tornado tão ilustre quanto Ésquilo (525-439 a. C.) se sua obra escrita tivesse sobrevivido. A Téspis é atribuído a invenção da máscara, a Frínico, a introdução de personagens femininas em suas peças. Prátinas é o terceiro nome contemporâneo de Ésqiuilo e reprovava as interferências musicais em detrimento da palavra do poeta.

O protagonista, introduzido por Téspis, permitiu o diálogo entre ator e coro. O segundo ator, introduzido por Ésquilo, o deuterogonista, propiciou a criação do conflito. O coro foi perdendo sua função principal no desenvolvimento da tragédia, crescendo, por outro lado, a importância dos atores. Sófocles deu-nos o terceiro ator, o tritagonista, o que não significava que em suas peças encontrássemos dois ou tres personagens, mas vários personagens para serem interpretados por dois ou três atores no máximo.
 

Outras fontes o colocam como dramaturgo e indutor do papel do protagonista

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Esta tendência iria aumentar com seus sucessores, a ponto dos componentes reduzirem-se de 50 para 15 elementos. Sófocles secularizou o espírito e o conteúdo da tragédia, assim como dissociou em suas especificas funções: o ator, como intérprete dos textos do poeta; o músico, com atividade própria e separada; e o coro, agora mais estruturado a ponto de ganhar um diretor próprio.

Encontramos muito pouca documentação sobre a forma de representação do ator grego. Aristóteles teria falado a respeito, mas esses trechos foram perdidos. Entretanto, quanto à interpretação teatral, poderíamos dizer que a pantomima era importante, e o uso de máscaras enormes, de traços acentuados, de roupas gigantescas, sobrecarregadas de bordados, que caíam até os pés, daí seu modo estático de representar, dando-se maior destaque ao texto falado. A cor das vestes anunciava o sexo e o nível social da personagem.

A fim de evitar a desproporção física que a indumentária poderia causar em relação aos grandes teatros gregos, aumentava-se o tamanho dos corpos acolchoando-os com falsos ventres, ombros,… recobrindo tudo isso com um tecido de malha ajustada ao corpo, sobre o qual vestiam as túnicas e os mantos. A máscara e a pesada vestimenta impediram qualquer elaboração mais individualizada. Segundo uma citação tradicional, o ator grego “era uma voz e uma presença”.

Os atores trágicos nunca tomaram parte na comedia, nem os cômicos na tragédia. Apenas os homens podiam subir aos palcos atenienses, e os atores trágicos eram considerados cidadãos muito requisitados e regiamente pagos.

No século IV a.C., o teatro decaiu, enquanto o ator foi ganhando cada vez mais importância. A expressão corporal superou o jogo das palavras, e nasceram então as primeiras cenas improvisadas. Os mímicos começaram a imitar os tipos cômicos da sociedade.

Ainda no século IV a.C., organizaram-se agremiações ou corporações de atores, denominadas Artesãos de Dionísio, que alcançaram muito poder e respeito, perdidos depois quando passaram a aceitar, em suas hostes, músicos, coristas, ajudantes e comparsas, o que provocou paulatina desconsideração social, a ponto de Aristóteles chama-los de “Parasitas de Dionísio”.

Outro depoimento aristotélico diz-nos que, à época, o intérprete despertava mais interesse que a obra poética. No ano de 449 a.C. foram instituídos os concursos para atores; o processo do individualismo começava a se estabelecer. Pólus foi o mais famoso, não só por suas qualidades de intérprete – segundo o filosofo Denis Diderot, ele tinha interpretado uma cena de Electra portando as cinzas do próprio filho -, mas também por ter sido o professor de dicção do grande orador grego Demóstenes (385-322 a.C.), que ganhou notoriedade por sua arte retórica.

Também nesta data:

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1900 – Claude Monet expõe pela 1ª vez as ninféias
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