Atualizada em 29 de novembro de 2014 às 06h00
A despeito da forte oposição dos países árabes, a Assembleia Geral das Nações Unidas, sob a presidência do embaixador brasileiro Oswaldo Aranha, aprova em 29 de novembro de 1947 a partilha da Palestina em dois Estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e aduaneira. Trinta e três nações votam a favor, entre elas Estados Unidos, a extinta União Soviética e o Brasil. Treze (dez islâmicas, mais Cuba, Grécia e Índia) votam contra e dez se abstêm (entre elas, Inglaterra e Argentina).
Quando a ONU (Organização das Nações Unidas) foi criada, em 1945, a Palestina era um território administrado pela Inglaterra, sob a forma de mandato. Entre as questões a serem tratadas pela nova entidade, estava a de uma nação judaica na Palestina. O crescimento da imigração judaica, principalmente após o Holocausto, encontrava objeção por parte dos habitantes árabes, que em meados da década de 40 compreendiam cerca de dois terços de uma população de dois milhões.
Tendo em vista a escalada da violência, a Inglaterra decide, em fevereiro de 1947, levar a questão à ONU. As Nações Unidas decidem criar um comitê especial para investigar todas as questões importantes e recomendar soluções.
Enquanto as organizações judaicas cooperam com o comitê, a liderança palestina decide não participar, alegando que a ONU tinha se recusado a tratar da questão da independência e não tinha conseguido separar o problema dos refugiados judeus da Europa da questão palestina. Alegam que os direitos naturais dos árabes palestinos eram claros e deveriam ser reconhecidos, não podiam ser objeto de investigação. A liderança judaica sustenta que as questões de um Estado judeu na Palestina e da imigração irrestrita são indissociáveis.
Após dois meses de intensos debates, a Assembleia Geral aprova o plano de partilha, que prevê o fim do mandato, a retirada gradual das forças armadas britânicas e a definição de fronteiras entre os dois Estados e Jerusalém. A Palestina seria dividida em oito partes: três pertenceriam ao Estado judeu, três ao Estado árabe, uma (a cidade de Jaffa) deveria formar um enclave árabe dentro do território judeu e a oitava parte, Jerusalém, teria um regime internacional administrado por um conselho tutelar da ONU.
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Trinta e três nações votaram a favor, entre elas Estados Unidos, a extinta União Soviética e o Brasil
O plano também determina os passos a serem tomados antes da independência, tratando de cidadania, trânsito, união econômica e da declaração a ser feita pelo governo provisório de cada um dos Estados com relação ao acesso aos locais sagrados e aos direitos das minorias.
A Agência Judaica, fundada em fevereiro de 1947 para incentivar e auxiliar a emigração de judeus do mundo inteiro para Israel, aceita a resolução apesar da insatisfação a respeito de questões como a imigração de judeus europeus e os limites territoriais propostos para o Estado judaico. O plano não é aceito pelos árabes palestinos e pelos Estados árabes sob a alegação de que viola o previsto na Carta da ONU, que garante às populações o direito de decidir sobre seu próprio destino.
Dizem que a Assembleia Geral tinha endossado o plano sob circunstâncias indecorosas e que os árabes da Palestina se oporiam a qualquer esquema que defendesse dissecação, segregação ou partilha de seu país, ou que concedesse direitos preferenciais e especiais a uma minoria.
Independência e guerra
Aos judeus, é entregue mais da metade das terras da Palestina, e as melhores delas, embora sua população fosse menor. Os árabes decidem enfrentar as forças sionistas, porém os judeus conseguem assegurar pleno controle sobre o seu território avançando e ocupando também parte do território palestino. Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion proclama a independência de Israel. No dia seguinte, tropas do Egito, Transjordânia, Síria, Líbano e Iraque invadem o país.
Os israelenses vencem a guerra e tomam territórios-chave como a Galileia, a costa palestina e uma faixa de terra ligando a região costeira à zona ocidental de Jerusalém. O cessar-fogo de 1949 deixa as áreas conquistadas sob permanente controle de Israel. A expulsão de centenas de milhares de palestinos durante a guerra deixa o país com substancial maioria judaica.