O piloto de caça norte-americano Chuck Yeager ultrapassa a barreira da velocidade do som a bordo de um avião protótipo Bell X1 em 14 de outubro de 1947. Sobrevoando o lago ressecado de Murac na Califórnia, ele atinge uma velocidade de Mach 1,06. Mas seu recorde não foi homologado pelo fato que seu avião não havia decolado por seus próprios meios e sim de um bombardeiro B29 para poder economizar combustível.
Até o fim da Segunda Guerra Mundial, a tecnologia necessária para a realização de vôos supersônicos controlados ainda não estava disponível. Além disso, os aviões, até a década de 1940, ainda não eram suficientemente resistentes para conseguir suportar as fortes ondas de choque geradas em velocidades supersônicas.
Ao nível do mar, a velocidade do som é de aproximadamente 1225 km/h, já a 15 mil metros de altitude, a velocidade do som é reduzida para 1050 km/h. Alguns aviadores na guerra ultrapassaram esta barreira, através de mergulhos aéreos, porém, com resultados catastróficos: as fortes ondas de choque geradas em velocidades supersônicas destruíam estas aeronaves, não projetadas para tais vôos.
Por volta de 1943, engenheiros norte-americanos passaram a trabalhar em pequenos protótipos de aviões não controlados. A maior preocupação destes especialistas em aviação era que tais aviões resistissem às ondas de choque. Bons resultados nestes testes levaram à produção dos Xplanes.
Yeager nasceu em uma família modesta de Virgínia Ocidental e se alistou no exército em 1939, servindo como mecânico de aviões. Foi seleccionado para levar a cabo o treinamento de piloto em 1942 e em seguida demonstrou um excepcional talento natural aos comandos de uma aeronave.
Paola Orlovas
Chuck Yeager ultrapassa a barreira da velocidade do som a bordo de um avião protótipo Bell X1 em 14 de outubro de 1947
Designado para o Reino Unido em 1944, Yeager pilotou Mustangs P-51 em combate, até que foi abatido sobre a França. De lá, fugiu para a Espanha para evitar ser capturado. Já na Inglaterra uniu-se de novo ao 363º Esquadrão de Combate, apesar da estrita política de que nenhum piloto evadido voasse sobre território inimigo de novo.
Yeager demonstrou uma excepcional visão, aptidão de pilotagem e liderança em combate. Foi reconhecido como o primeiro piloto norte-americano a se converter em “ás em um dia”, abatendo cinco aviões inimigos em uma missão, finalizando a guerra com 12 vitórias certificadas.
Grande dia
Yeager continuou na Força Aérea dos Estados Unidos após a guerra, convertendo-se em piloto de provas e sendo finalmente seleccionado para voar com o avião propulsado com foguetes Bell X-1, no programa do Comite Nacional Consultivo de Aeronáutica (NACA), precursora da NASA, para a investigação do voo de alta velocidade. Yeager rompeu a barreira do som em 14 de outubro de 1947, voando com o X-1 experimental a Mach 1 e a uma altura de 45.000 pés (13.700 metros).
Duas noites antes do voo histórico, Yeager rompeu duas costelas quando montava a cavalo. Tinha tanto medo a que lhe substituíssem na missão que se deslocou ao povoado vizinho para se tratar e só a seu amigo Jack Ridley explicou o ocorrido.
Ridley enfaixou firmemente o amigo de modo que Yeager pudesse fechar a cabine e lá se acomodrar. O avião X-1, baptizado Glamorous Glennis em honra a sua esposa, está exposto no Museu do Ar e o Espaço do Instituto Smithsonian.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.