Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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No dia 20 de outubro de 1968, o bilionário grego Aristóteles Onassis, de 68 anos de idade, casou-se na ilha de Skorpius, Grécia, com Jacqueline Kennedy, 39 anos, viúva do presidente norte-americano John Kennedy assassinado em novembro de 1963. 

Quatro meses e meio antes, seu cunhado, o senador Bob Kennedy, fora assassinado em Los Angeles. Naquele momento, Jacqueline acreditava que ela e seus filhos haviam se tornado “alvo” e que deveriam deixar os Estados Unidos.

O casamento com Onassis parecia fazer sentido: ele tinha dinheiro e poder para garantir a proteção que ela quisesse, enquanto que ela tinha o status social que ele almejava. Aristóteles Onassis havia terminado seu romance com a diva da ópera Maria Callças para desposar Jackie, que desistiu da proteção que, como viúva de um presidente, recebia do Serviço Secreto.

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Incialmente, o casamento pareceu ser bem-sucedido, mas o estresse logo se tornou aparente. O casal raramente passava tempo junto. Embora Onassis tenha tido uma boa relação com seus enteados Caroline e John Jr., Jacqueline não se dava com sua enteada Chrisrina Onassis, que passava a maior parte de seu tempo viajando e fazendo compras.

Onassis estava planejando se divorciar de Jacqueline quando morreu, em 15 de março de 1975. Jacqueline estava com seus filhos em Nova York. Sua herança havia sido substancialmente diminuída em virtude de um acordo pré-nupcial e por uma legislação que Onassis fez o governo grego aprovar, a qual limitava a fortuna que uma esposa não-grega e sobrevivente poderia herdar.

Jacqueline, entretanto, negociou com Christina, que acabou concordando em dar a Jackie algo em torno de 26 milhões de dólares, em troca de que ela abrisse mão de qualquer reivindicação do Império Onassis.

No dia do seu casamento na ilha particular de Skorpius, ficou claro que o bilionário grego podia comprar tudo, inclusive a viúva mais famosa do mundo, Jacqueline Kennedy. Como escreveu o biógrafo de Onassis, Peter Evans, o “rei dos navios-tanques petroleiros” achava o trabalho mais excitante do que o sexo. Mesmo assim, estava sempre atrás de mulheres.

Sua moradia – e ao mesmo tempo local de trabalho – era o iate Christina. O homem de 1,65 m de altura detestava escritórios. Preferia viajar sem mala e sem dinheiro, levava apenas o telefone e sua agenda marrom. Ele mesmo dizia que não existe receita para tornar-se o homem mais rico do mundo, mas admitia que eram necessários muito trabalho, muita reflexão e uma boa porção de sorte.

Poucos meses depois do assassinato de seu cunhado, Bob Kennedy, Jacqueline decidiu deixar Estados Unidos

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Em 1963, a primeira-dama dos Estados Unidos passou duas semanas no seu iate para se recuperar do nascimento seguido de morte do seu terceiro filho. Onassis vivia de puro luxo e conhecia quase todos os ricos e famosos do planeta. Era comum hospedar figuras como Liz Taylor e Greta Garbo, ou personalidades políticas como Winston Churchill.

Biografia do marido

Nascido na Turquia, Aristóteles Onassis pisou em solo grego pela primeira vez aos 16 anos. Ele deixou a cidade natal, Smirna, depois que os turcos queimaram a casa de seus pais e mataram seus parentes durante a guerra entre Grécia e Turquia, em 1922. Seu primeiro milhão, ele faturou no Brasil e na Argentina, com o comércio de tabaco.

A base para os milhões seguintes foi lançada na década de 1930, quando comprou seis navios de uma companhia marítima canadense por um décimo do preço que valiam. Em 1935, iniciou-se no ramo dos navios-tanque e faturou milhões no transporte para os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1946, Onassis casou-se com Athina Livanos, filha de um importante armador grego. O casamento, mantido apenas nas aparências, trouxe-lhe dois filhos: Alexander e Christina. Outra mulher com quem o milionário ficou foi a também grega Maria Callas. Como escreveu o biógrafo, “a fama dela era importante para ele. Outros colecionavam obras de arte. Ele tinha conseguido a mais famosa cantora de ópera”. 

'Eterna víuva presidencial'

O mundo ficou perplexo, quando depois de cinco anos “Jacquie” optou por Onassis, e não por uma liderança política ou um aristocrata famoso. A imprensa sensacionalista destacou em letras garrafais: “A América perdeu uma santa”. Ou como comparou o jornalista grego Dimitris Limberopoulos: “Onassis tirou o quadro de santa da parede e o jogou na cama!”.

Onassis morreu em 1975, aos 69 anos, de uma infecção pulmonar em Paris, antes da consumação do divórcio e antes que pudesse deserdá-la de seus milhões. Jacqueline retornou à companhia dos filhos nos EUA, onde sua vida reservada reconquistou a simpatia de muitos norte-americanos. Ela morreu de câncer em 1994.

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.