Na manhã do dia 15 de setembro de 1963, a organização racista e de ultra-direita Ku Klux Klan explode uma bomba durante um culto na Igreja Batista da rua 16, em Birmingham, Alabama, matando quatro jovens meninas. Com sua grande congregação afro-americana, o local era ponto de encontro de líderes dos direitos civis, como o reverendo Martin Luther King, Jr., que certa vez chamou Birmingham de “símbolo do núcleo de resistência à integração”.
O governador do Alabama, George Wallace, fez da manutenção da segregação racial um dos objetivos centrais de sua administração. O atentado à igreja era o terceiro em Birmingham após apenas 11 dias do mandado federal que exigia a integração do sistema escolar do estado.
Quinze bananas de dinamite foram plantadas no piso da igreja, debaixo de onde estava o banheiro das moças. As bombas detonaram por volta das 10h19, matando Denise McNair, de 11 anos, Cynthia Wesley, Carole Robertson e Addie Mae Collins, todas com 14 anos.
Imediatamente após as explosões, membros da igreja, aturdidos e ensanguentados, cobertos de pó e de estilhaços de vidro, vagaram às tontas antes de começar a cavoucar os escombros em busca de sobreviventes. Mais de vinte membros da congregação ficaram feridos.
Quando milhares de indignados e irados manifestantes negros postaram-se diante do cenário do crime, Wallace enviou centenas de policiais e corpos armados para reprimir a multidão. Dois jovens negros foram assassinados naquela noite, um pela polícia e outro por um grupo racista. Enquanto isso, a reação popular ao atentado continuava a crescer, chamando a atenção do mundo para Birmingham. Luther King enviou para os funerais de três das moças mais de oito mil acompanhantes.
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Protestos que seguiu o atentado contra pessoas negras foi reprimido pelo governador do Alabama George Wallace
Um membro da Ku Klux Klan bastante conhecido, Robert Chambliss, foi acusado de assassinato e da compra de 122 bananas de dinamite. Em outubro de 1963, Chambliss foi absolvido da acusação de assassinato, tendo recebido condenação de 6 meses de prisão e multa de 100 dólares apenas pela compra da dinamite.
Embora uma investigação posterior do FBI tenha identificado três outros cúmplices de Chambliss – Bobby Frank Cherry, Herman Cash e Thomas E. Blanton, Jr. –, foi revelado mais tarde que, em 1968, o diretor geral do FBI, Edgar Hoover, obstruiu a investigação, engavetando-a sem que fosse concluída. Depois do procurador-geral do Alabama ter reaberto o caso em 1977, Chambliss foi julgado culpado e sentenciado à prisão perpétua.
Esforços para processar os outros três homens que participaram do atentado continuaram por décadas. Embora Cash tenha morrido em 1994, Cherry e Blanton foram presos, processados e condenados em 2000 pelo assassinato. Blanton foi sentenciado à prisão perpétua.
O processo de Cherry foi diferido depois que os juízes o julgaram mentalmente incapaz de ser submetido a juízo. Esta decisão foi mais tarde revertida. Em 22 de maio de 2002, Cherry foi considerado culpado e sentenciado à prisão perpétua, trazendo às famílias e amigos das quatro jovens vítimas, após tanto tempo, algum conforto.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.