No dia 13 de março de 1881, dia em que a Rússia recebeu uma nova constituição e uma nova czarina consorte, o czar Alexandre II foi assassinado por jovens anarquistas.
Ele havia chegado ao trono em 2 de março de 1855, aos 37 anos, e logo tomou consciência do atraso da Rússia. Se comprometeu, sem perder tempo, com corajosas reformas. Mas em 4 de abril de 1866, um estudante, Dimitri Karakosov, atira sobre ele e por pouco não o mata.
Este primeiro atentado contra, segundo os costumes locais, a pessoa “sagrada” do czar, provocou consternação. Um novo ataque ocorreu em 1º de junho de 1867, quando visitava Paris.
Amargurado e preocupado, interrompeu as reformas liberais e se lançou em aventuras bélicas no Cáucaso, nos Bálcãs e na Sibéria. Entre os estudantes anarquistas, a agitação não cessou. Serge Netchaïev, filho de camponês, discípulo de Michel Bakunin e Pierre Proudhon, preconizou em seu Catecismo Revolucionário a destruição do Estado e o assassinato dos opositores.
Muitos dos jovens burgueses se propuseram a ir aos “mujiques”, os pobres do campo, a fim de incitá-los a se sublevar contra o regime. Uma organização secreta chamada Zemlia i Volia (Terra e Liberdade) nasceu do fracasso da tentativa. Seu propósito era radical: os revolucionários só devem acreditar neles mesmos para acabar com a autocracia.
Em 9 de janeiro de 1878, a jovem Vera Zassulitch, alvejou o general Trepov, chefe de polícia célebre por sua brutalidade. Ela foi absolvida. Outros atentados sobrevêm contra os representantes da polícia e da justiça.
O próprio czar foi vítima de vários tiros disparados por um desequilibrado nas cercanias do palácio em 2 de abril de 1879. Nasceu então uma nova organização secreta, a Narodnaia Volia (A Vontade do Povo), que assumiu o objetivo de assassinar o czar.
Alexandre II escapou de um atentado que destruiu um vagão do trem em que viajava e uma outra explosão atinge a sala de jantar de seu palácio, matando onze pessoas.
Por um decreto de 12 de fevereiro de 1880, conferiu poderes ditatoriais ao conde Loris-Mélikov, herói da guerra contra a Turquia, com a missão de erradicar o niilismo e concluir a reforma das instituições. Ele mesmo escapou por pouco de um tiro de pistola em 20 de fevereiro.
Algumas semanas depois, o governo francês negou o pedido russo pela extradição do autor do atentado ao trem imperial. A eloquência de Victor Hugo é que defenderia as razões de Estado.
Em 18 de julho de 1880, o czar casou-se em segredo com a amante. Em seu desejo de coroá-la imperatriz, pensou numa grande reforma que lhe valeria a indulgência de seu povo. Apressou-se a retomar o liberalismo de sua juventude, instituindo comissões para preparar as bases de uma monarquia constitucional.
A Narodnaïa Volia, reunia jovens burgueses obcecados pelo ódio à autocracia. Entre eles, Sophie Perovski, filha de um governador militar de São Petersburgo. A prisão de seu amante, Jeliabov, não a desencorajou. A data fatídica foi fixada para 13 de março de 1881.
O czar foi alertado quanto à possibilidade de um atentado, mas não abriu mão da troca de guarda dominical. Após a troca, o casal imperial saiu de carruagem percorrendo as margens do canal Catarina. Lá estavam postados quatro lançadores de bomba sob as ordens de Sophie. O soberano escapou da primeira bomba. Avançou em meio aos mortos e feridos e queria enfrentar pessoalmente o terrorista. Foi então que um cúmplice atirou uma segunda bomba. O czar morreria poucas horas depois.
Alexandre III, seu filho, assumiria o trono em seu lugar, acarretando o retorno à autocracia absoluta. Era o fim da reforma e uma tragédia para o povo russo.
Wikicommons
O Narodnaïa Volia, grupo armado e de ação direta, reunia jovens burgueses que visavam colocar um fim à autocracia russa