Em 6 de fevereiro de 1899, teve fim o breve conflito entre a Espanha e os Estados Unidos. A guerra foi desencadeada em decorrência dos ímpetos expansionistas dos Estados Unidos na região que encontraram resistência nas tradicionais políticas coloniais da Espanha.
A luta dos patriotas cubanos pela independência do jugo espanhol fez da intervenção dos EUA em Cuba uma questão central nas relações entre os dois países de 1870 a 1898. Crescia a simpatia pelos insurgentes cubanos, especialmente após a selvagem Guerra dos Dez Anos (1868–78), uma reação dos grandes proprietários de Cuba contra as leis comerciais espanholas e a fracassada revolta de 1895, quando José Martí, o principal líder dos independentistas, seria morto, lutando contra uma unidade militar espanhola. Fracassada a tentativa de sufocar as atividades guerrilheiras, a população rural foi confinada à força em cidades-fortalezas no centro do país, onde milhares morreram de fome e de doenças.
Os sentimentos em favor dos rebeldes nos Estados Unidos foram explorados pela “imprensa amarela”, especialmente pelo New York Journal de Randolph Hearst e o New York World de Joseph Pulitzer, que distorciam e manipulavam as notícias que vinham de Cuba. O governo norte-americano foi pressionado pelos empresários que vinham tendo pesadas perdas em seus investimentos, causadas, segundo eles, pela incessante guerra de guerrilha.
A importância estratégica da Ilha no Caribe e na América Central, o projeto da abertura de um canal no istmo ligando os oceanos e principalmente a doutrina Monroe da “América para os americanos” levaram Washington a agir. Havia uma ameaça tácita de intervenção militar, que cresceu depois dos rebeldes cubanos terem rejeitado a oferta espanhola de soberania parcial, decididos que estavam de conquistar a plena liberdade.
Publicamente, o presidente McKinley manifestava sua disposição de resolver pacificamente a “questão cubana”, mas uma série de incidentes no começo de 1898 serviram de pretexto para a intervenção bélica. O primeiro deles foi a publicação pela cadeia Hearst de uma carta furtada – a carta Lôme – que havia sido escrita pelo embaixador da Espanha em Washington em que o imprudente diplomata expressava seu desprezo por McKinley. Isto foi seguido pelo afundamento do navio de guerra Maine no porto de Havana, em 15 de fevereiro de 1898, quando morreram 260 homens. Embora a cumplicidade da Espanha nunca tivesse sido provada, a opinião pública, insuflada pelos jornais de Hearst e Pulitzer, passou a exigir uma resposta militar à Espanha.
McKinley ignorou a suspensão unilateral das hostilidades pela coroa espanhola quando se dirigiu aos parlamentares em 11 de abril. Pediu autorização para intervir em Cuba. O Congresso informou-o das resoluções que exigiam a retirada da Espanha e expôs os termos da intervenção, inclusive a Emenda Teller, que estabelecia que os Estados Unidos só se retirariam da ilha depois de sua completa independência. Em 22 de abril, o Congresso autorizou o alistamento de voluntários e o bloqueio dos portos espanhóis da região. Em 24 de abril, a Espanha declara guerra aos EUA. No dia seguinte, os EUA replicam declarando guerra à Espanha retroativamente a 21 de abril.
A guerra foi curta e a supremacia bélica dos norte-americanos ficou evidente. O primeiro dramático acontecimento da guerra hispano-americana ocorreu do outro lado do mundo. Em 1º de maio uma frota norte-americana, invadiu o porto de Manila, nas Filipinas, e em poucas horas derrotou completamente a esquadra espanhola ali ancorada. O almirante Dewey, comandante da frota, foi recebido de volta com um entusiasmo que raiou à histeria.
Em julho, as forças espanholas do mar estavam destruídas e as de terra em Santiago de Cuba se rendiam. A guerra na prática chegava ao fim. Em Manila, um assalto norte-americano por terra e mar acabou por ocupá-la totalmente, mesmo depois do armistício selado entre os beligerantes.
O Império Espanhol estava praticamente dissolvido. Cuba estava livre do colonialismo espanhol, porém caía sob a tutela dos Estados Unidos nos termos da Emenda Platt, dispositivo legal inserido na Constituição cubana que entre outras cláusulas permitia a Washington intervir quando seus interesses fossem afetados e cedia aos Estados Unidos as bases navais de Guantánamo e Baia Honda. A Espanha assumiu as dívidas de Cuba; Porto Rico e Guam foram cedidos aos Estados Unidos a título de indenização e as Filipinas lhes foram entregues em troca de 20 milhões de dólares.
Os EUA emergiram da guerra como uma nova potencia imperial global, demarcando sua hegemonia na América Latina.
Pyxel
Navio de guerra Maine foi afundado no porto de Havana, em 15 de fevereiro de 1898