Há exatos 20 anos, o democrata Bill Clinton derrotava George H. W. Bush e era eleito presidente dos Estados Unidos. Esse era o fim de não menos que 12 anos de gestão republicana na Presidência norte-americana.
Nascido como William Jefferson Blythe III, Clinton na cidade de Hope, estado do Arkansas. Seu pai, William Jefferson Blythe Jr. era um comerciante e faleceu num acidente de carro quando o democrata tinha apenas três meses. Sua mãe, Virginia Dell Cassidy casou-se então com Roger Clinton, em 1950. Billy, como era chamado, foi criado pela mãe e pelo padrasto, tanto que acabou incorporando seu sobrenome a partir dos 15 anos.
Na Convenção Democrata daquele ano, foi escolhido o candidato após a desistência de diversos grandes nomes. Boa parte da cúpula partidária não acreditava em suas chances de derrotar Bush por conta da popularidade do governo após a Guerra do Golfo.
No entanto, desemprego e recessão econômica, somados à imagem jovial de Clinton, acabaram por sepultar as chances de Bush se reeleger.
Curiosamente, devido ao modelo eleitoral norte-americano, Clinton elegeu-se presidente sem a maioria absoluta dos votos. Clinton foi eleito 42º presidente dos EUA tendo recebido pouco mais de 43 milhões de votos, 43% do total, enquanto George Bush, que tentava a reeleição, recebeu 38 milhões de votos, ou 38%. Clinton venceu em 32 estados e no Distrito Federal.
“Esta eleição é sobre uma nova América, é a escolha entre a velha e a nova opção, a escolha entre o descaso e um sentido mais forte de nossas riquezas”, disse Clinton no dia do pleito que o promoveu a Chefe de Estado.
Clinton foi o primeiro presidente dos Estados Unidos nascido após o fim da Segunda Guerra Mundial, o símbolo dos baby-boomers. Sua eleição marcou uma diferença dos ex-mandatários que eram, na sua maioria, veteranos da Segunda Guerra Mundial e experientes negociadores da Guerra Fria.
Foi o único democrata a chegar à Casa Branca, e ser reeleito, na segunda metade do século XX.
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Eleição de Clinton colocou fim aos 12 anos de gestão republicana na Presidência norte-americana
Durante os seus dois mandatos, teve como vice-presidente Albert Gore, senador pelo estado do Tennessee. Gore seria derrotado por George W. Bush, mesmo recebendo a maioria dos votos populares, nas controvertidas eleições presidenciais de 2000.
Ao assumir o cargo, as prioridades domésticas de Clinton incluíam reformas na área de educação, restrição de venda de armas, fortalecimento das leis de proteção ao meio ambiente e proteção ao emprego de pais que tinham de cuidar de filhos doentes.
Internacionalmente suas prioridades incluíram reduzir barreiras de comércio (Nafta), mediar os conflitos na Irlanda do Norte e entre israelenses e palestinos. Foram anos de desenvolvimento econômico, com o déficit fiscal da era Reagan sendo reduzido.
Clinton tornou-se o segundo presidente norte-americano a sofrer um processo de impeachment, como resultado do escândalo sexual envolvendo a estagiária Monica Lewinsky – o primeiro foi Richard Nixon em 1974. Acabou sendo absolvido pelo Senado. Foi o terceiro mais novo presidente dos EUA.
Ao deixar o cargo, recebeu as mais altas taxas de aprovação para um presidente na história moderna dos Estados Unidos – 58% de imagem positiva.
Ao contrário de Jimmy Carter, o último presidente democrata até então (1977-1981), Clinton resolveu formar seu Ministério com conhecidos nomes da política norte-americana, prometendo soprar forte os ventos da mudança: “Não será fácil, mas não pouparemos esforços para restaurar o crescimento, os empregos e a renda do povo americano”.
Assumiu o governo norte-americano quando o país estava desestabilizado com a recessão econômica mundial do fim da década de 1980 e insatisfeito com o governo Bush.
Com Bush pai, os EUA invadiram o Kwait, iniciando a Guerra do Golfo, em 1991. Apesar de vitoriosos, o establishment militar-industrial não ficou satisfeito com o resultado da guerra, que manteve Saddam Hussein à frente do governo iraquiano.
Clinton governaria o país até 2001, quando foi sucedido por Bush filho. Em seus oito anos de governo, o democrata realizou uma gestão positiva, de reformas na educação, meio ambiente e indústria bélica, tendo como prioridade uma política externa pacífica, ao contrário da gestão anterior.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.