O ex-deputado federal e dirigente histórico do PCdoB Haroldo Lima morreu, aos 81 anos de idade, na madrugada desta quarta-feira (24/03) vítima da covid-19.
Ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) durante os governos Lula e Dilma, Lima estava internado há duas semanas em um hospital em Salvador, na Bahia. Há uma semana, havia sido transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva após piora no quadro.
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Em nota, o presidente estadual do PCdoB da Bahia, Davidson Magalhães, lamentou “profundamente a irreparável perda de um dos mais destacados quadros nacionais do PCdoB nas últimas décadas”.
“O exemplo de abnegação, de coragem, de firmeza, daquele que dedicou a vida à luta em defesa da democracia e da liberdade, e pela construção de uma sociedade mais justa e fraterna, é o legado que Haroldo Lima deixa para a geração que prosseguirá a luta pelo socialismo”, disse.
Ao Jornal da Manhã da TV Bahia, o governador do Estado, Rui Costa (PT), também lamentou o falecimento de Lima e disse que haverá uma homenagem a ele ao longo do dia.
“Essa doença tem levado pessoas muito importantes, pessoas que, independentes de terem cargos políticos ou não, pessoas que compõem o ente querido de cada família. Então, além de político, o Haroldo era alguém que representava o sentimento de família, de amor ao próximo”, disse Costa.
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Lima estava internado há duas semanas em um hospital em Salvador
Quem foi Haroldo Lima
Haroldo Lima foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), organização de esquerda que, após o golpe militar de 1964, pega em armas para lutar contra o regime.
Já nos anos 1970, quando a AP havia se incorporado ao PCdoB, Lima passa a compor a Comissão Executiva do Comitê Central do partido e ocupou o cargo durante a guerrilha do Araguaia.
Lima caiu preso após o episódio que ficou conhecido como “a chacina da Lapa”, quando agentes da repressão invadiram uma reunião do Comitê Central do PCdoB em São Paulo e assassinaram diversos dirigentes.
Passou quase três anos nas prisões do regime militar, onde foi torturado. Em 1979, após a Lei da Anistia, Lima foi solto
Se elegeu deputado federal pela primeira vez em 1982, pela sigla do PMDB, quando muitos militantes de partidos então clandestinos se abrigaram na legenda opositora da ditadura.
Foi um dos mais votados deputados constituintes, com cerca de 40 mil votos, e apresentou aproximadamente 1.200 emendas à Constituição.
Permaneceu na Câmara ininterruptamente até 2003, quando foi escolhido pelo então presidente Lula para assumir a chefia da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), cargo que só deixou em 2011.