Começa neste sábado (30/11) a 27ª edição da Feira Internacional do Livro de Guadalajara (FIL), o maior encontro da literatura hispânica, estendendo-se por nove dias na cidade mexicana. Até 8 de dezembro, portanto, lá se encontrarão profissionais do meio editorial para lançar novos títulos, negociar direitos autorais para tradução e participar de debates sobre produção literária – em grande parte, a latino-americana, mas também a de Israel, que é o país homenageado deste ano.
Essa aproximação pouco comum entre Israel e América Latina estará clara na abertura. De um lado, falará Mario Vargas Llosa, o Nobel peruano que, pese a sua vertente política nem sempre bem sucedida, figura no panteão dos autores latinos, e, de outro, David Grossman, escritor israelense reconhecido internacionalmente pelo tom pacifista e esquerdista de suas obras. Esse esperado bate-papo acontecerá no dia 1 de dezembro e está aberto ao público. Com a expectativa de receber 700 mil visitantes, a feira não só é um encontro de negócios, mas um lugar destinado à promoção da leitura e da cultura em geral, onde quase 2 mil editoras de mais de 40 países marcam presença e a programação artística paralela é extensa.
Reprodução/FIL2013
Vargas Llosa participará do evento de abertura da feira neste ano
O Brasil, apesar de ter sido homenageado na programação literária de 2001, não tem ainda uma relação estreita com Guadalajara. Laços mais firmes começaram a se atar em 2012, quando foi criado o programa “Destinação Brasil”, uma seleção de autores nacionais contemporâneos que marcam presença em debates, têm trechos de seus principais títulos traduzidos para o espanhol e o inglês e, assim, podem ir se tornando mais íntimos dos mexicanos e demais interessados.
Desta vez, a iniciativa se repete com curadoria da diretora de conteúdos da FIL, Laura Niembro, e a delegação brasileira será de 15 autores, entre eles Andrea del Fuego, Julián Fuks, Lucrecia Zappi e Marcelino Freire. Para promover a ideia (ou melhor, o fato) de que Brasil é América Latina, eles estarão espalhados também pelos encontros do “Latinoamérica Viva”, filão do evento que reúne nomes iminentes da literatura latino-americana, como o mexicano Juan Villoro e o colombiano Evelio Rosero, a jovens talentos, como o chileno Antonio Díaz Oliva e o peruano Alexis Iparraguirre.
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Além dos enfoques nas diferentes literaturas da região e no extenso programa dedicado à literatura de Israel (estarão presentes 36 autores de 10 editoras, todos já traduzidos ao espanhol), haverá 14 homenagens. A mais importante delas é o Prêmio FIL de Literatura, dotado de 150 mil dólares que recebe um autor de romance pelo conjunto de sua obra. Ano passado, o vencedor foi o peruano Alfredo Bryce Echenique (acusado de plágio e que, por isso, não compareceu à cerimônia de entrega do prêmio), e este ano o ganhador é o poeta e ensaísta francês Yves Bonnefoy. Entre os demais celebrados da vez, está a cartunista argentina Maitena, que recebe o troféu La Catrina, oferecido a personagens importantes do mundo da caricatura e dos quadrinhos.
Na área exclusiva aos negócios, a feira investe também na capacitação de profissionais do meio, como workshops de tradução literária, publicação e direitos autorais, além do XII Fórum Internacional de Editores e Profissionais do Livro, cuja conferência magistral será dada pelo publisher argentino Fabián Lebenglik, da editora Adriana Hidalgo. A expectativa é que cerca de 20 mil pessoas participem e, pela primeira vez, a feira contará com um pavilhão interativo especialmente destinado ao livro eletrônico.
O esforço de Guadalajara, enfim, é grande para fazer bonito ao lado das feiras literárias mais importantes do mundo, ampliando as fronteiras da América Latina e criando laços importantes. Seja como for, se a experiência com Israel não for das mais proveitosas, o evento volta a investir na casa: já se sabe que Argentina é o homenageado de 2014.