Quanto tempo dura a lua de mel entre o eleitorado e seu governo?
Essa é uma pergunta vital para a política e os políticos: saber o grau de sintonia que os eleitores de uma determinada força política ainda mantêm após um período de tempo depois de sua vitória eleitoral.
Para isso, o Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag) realizou uma consulta dirigida exclusivamente aos eleitores mais ativos do Pacto Histórico na Colômbia. Não se trata de uma pesquisa, tampouco é capaz de inferir conclusões estatísticas a nível populacional, mas fornece um termômetro para descobrir como pensa um determinado setor da população, mais militante, mais simpatizante, mais “politicamente intenso”.
Com base em 5.023 respostas obtidas entre 5 e 8 de setembro deste ano, podemos destacar as seguintes conclusões:
A crença na mudança continua entre aqueles que votaram em Gustavo Petro e Francia Márquez depois de mais de um ano no governo. 91,5% acreditam que a Colômbia está mudando (em comparação com 6,9% que acham que está igual a antes). 88,5% consideram que esperança é a melhor palavra para descrever seus sentimentos sobre o governo (decepção é 7,7%).
As expectativas continuam altas de que o presidente Petro resolva a economia (91,8%) e o conflito armado (72%).
Há um compromisso muito forte de sair às ruas no caso de uma tentativa de golpe contra Gustavo Petro (84,1%).
Quase três quartos (73,8%) concordam que o governo deve arriscar tudo para aprovar a reforma trabalhista, pois acreditam que ela é essencial para melhorar as condições de trabalho.
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Pesquisa da Celag mostra resultado simpático ao Pacto Histórico na Colômbia
Quanto ao papel da vice-presidente Francia Márquez, quase dois terços (63,6%) consideram que ela está fazendo uma contribuição positiva para este governo (apenas 6,1% acreditam que ela tem um papel negativo).
Há mais divisão sobre a melhor maneira de continuar governando daqui para frente: 54,8% acreditam que é necessário fazer um governo mais amplo para obter consenso, enquanto 41,6% acreditam que é melhor governar com seu próprio povo para realizar as reformas prometidas.
Com relação ao caso Nicolás Petro, quase dois terços (65,3%) acham que isso não afeta a credibilidade do presidente Petro porque é uma questão não relacionada a ele (30,8% acham que isso está afetando sua credibilidade).
A grande mídia e o poder econômico são considerados pela maioria como os principais oponentes desse governo (36,2% e 33,4%, respectivamente). Mais atrás estão o uribismo (12,8%), o judiciário (8,8%) e alguns dos próprios aliados do governo (7,8%).
Em resumo, os dados de nossa pesquisa Celag neste âmbito mais simpático ao Pacto Histórico na Colômbia mostram claramente que a lua de mel continua, apesar das dificuldades.
(*) Alfredo Serrano Mancilla é PhD em economia pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Ele é especialista em economia pública, desenvolvimento e economia global. É colunista convidado do Página 12, La Jornada, Público, Russia Today, e atual diretor executivo do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG).
(*) Tradução de Pedro Marin.