Sexta-feira, 16 de maio de 2025
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É preciso encarar Bolsonaro como Bolsonaro é, sem ilusões, sem escapismos. Bolsonaro demarcou muito bem o que queria desde sempre na sua carreira política.

Não mudou como candidato desacreditado, não mudou como candidato competitivo, não mudou como presidente eleito.

Bolsonaro baseia sua plataforma e constrói sua base na destruição, na afirmação da morte como solução, na eliminação do outro, do diferente, como racionalidade.

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É falsa a premissa de que o garante Bolsonaro é o pacote ultraliberal imposto por Paulo Guedes, um agente do mercado.

A necropolitica bolsonarista é complementar ao ultraliberalismo. As medidas econômicas que excluem, demandam a neutralização, a eliminação do excluído.

Tanto a destruição das políticas publicas como o estímulo à violência e às mortes de indesejáveis, que aumentaram nitidamente de janeiro pra cá, reafirmam essa aliança macabra.

Desse modo é também falso o discurso supostamente de salvação da civilização, emulado por Rodrigo Maia e os demais representantes da centro direita, que cumpre, quando muito, o papel de adoçar a distopia em que nos enfiamos.

Campanha de lançamento da "Aliança pelo Brasil" é a própria negação da política tradicional: portanto, passou da hora de olharmos para o bolsonarismo como ele é, não como queremos que ele seja

José Dias/PR

Partido de Bolsonaro, a ‘Aliança do Brasil’, é a própria negação da política tradicional

Há outro aspecto que coloca o bolsonarismo num lugar difícil de combater: a operação de um desprezo, que se coloca de forma prática, à política.

A campanha de lançamento da “Aliança pelo Brasil”, o verdadeiro partido de Bolsonaro, é a própria negação da política tradicional.

A transgressão proposta na formalização do partido por via digital é um exemplo. Além de privilegiar as redes sociais como locus legitimo de registro, se propõe uma ruptura com a forma tradicional.

Mesmo quando reincide nas práticas tradicionais da política, o lançamento do real partido da bala, joga com o senso comum, dando aparências de ser a afirmação de tudo que o brasileiro médio despreza.

Um exemplo disso é a hierarquia do partido, na qual só os filhos ocupam funções chaves, nenhum aliado político, uma agremiação partidária baseada na família.

Não é visto como nepotismo, mas como uma rede de confiança, repercute bem na lógica da defesa da família e da propriedade.

Bolsonaro e seus valores têm respaldo, têm base social, não dá pra encobrir essa realidade.

Portanto, passou da hora de olharmos para o bolsonarismo como ele é, não como queremos que ele seja.

A luta política deve ser pautada, sobretudo por uma clara visão de quem é, como atua e onde viceja o antagonista.