O genocídio que o estado colonial de Isarael tem promovido contra o povo palestino na Faixa de Gaza já vitimou mais de 36 mil civis inocentes, além do avanço da ocupação ilegal, da limpeza étnica e do apartheid, que deixam um rastro de destruição, morte e apagamento da história do povo palestino. No último mês, os ataques de Israel ao povo palestino têm crescido e assumido uma grande escala de destruição, inclusive avançando na região de Rafah, com o cometimento de diversos crimes contra a humanidade. Estudantes do mundo todo têm reagido para conter esse genocídio em curso exigindo o imediato cessar-fogo. Milhares de estudantes dos EUA estão mobilizados em suas universidades e têm reforçado a exigência do fim do apoio político e financiamento militar do país a esse genocídio.
Nesse contexto podemos observar que o autoritarismo mais uma vez avança na América. Mais de 2 mil civis foram presos, a inteligência artificial está sendo utilizada para reconhecer e perseguir manifestantes; há também ameaças de demissão e não contratação para todos aqueles que aderirem às manifestações nas universidades. Esses dados seriam manchetes nos jornais ocidentais caso ocorressem em Cuba, Venezuela ou China. No entanto, todas essas informações têm origem na chamada “maior democracia do mundo”, os EUA.
Nesse momento é urgente denunciar que os estudantes e manifestantes se tornaram perseguidos políticos do Estado estadunidense. O Estado está utilizando seu uso legítimo da força para reprimir manifestações democráticas, de um relevante e vital grupo da sociedade: os estudantes. Há ainda outros fatos que sinalizam o esfarelamento democrático dos EUA, como os confrontos nas universidades entre grupos que avançam de forma violenta contra os acampamentos, alegando que a defesa da Palestina é um movimento anti-semita. Essa dualidade é muito bem utilizada para manipular as narrativas em torno da realidade. Isso demonstra, mais uma vez, como o tema mobiliza também o debate político interno dos EUA, considerando que as eleições nacionais ocorrerão em 5 de novembro de 2024.
Hoje milhares de jovens, estudantes e trabalhadores se mobilizam em diversas universidades dos EUA, inclusive de grande prestígio acadêmico, como Yale, NYU, Harvard, Universidade de Michigan, Universidade da Carolina do Norte, Universidade de Boston e a Universidade da Califórnia, Berkeley. Temos assistido esse importante levante jovem e estudantil em defesa do povo palestino e contra o histórico e estável elo político entre os EUA e Israel.
O movimento denuncia a responsabilidade do país em apoiar políticamente, cooperar cientificamente e financiar intensamente o genocídio palestino. Em abril de 2024 o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que o apoio dos EUA à segurança de Israel é “inabalável”. Os Estados Unidos são, de longe, o principal fornecedor de armas de Israel, seguido pela Alemanha. Só em 2023, Israel recebeu uma ajuda militar dos Estados Unidos no valor de 3,8 bilhões de dólares, mas existe ainda uma política de um Memorando de Entendimento de dez anos, para o período de 2018-2028, que prevê 38 bilhões de dólares em ajuda militar: 33 bilhões em subsídios para equipamentos militares e 5 bilhões para sistemas de defesa antimísseis, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI).
Na América Latina a Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE) coordena e lidera continentalmente as manifestações de diversos movimentos estudantis da região. Até o momento, tivemos mobilizações, atividades de solidariedade e declarações de várias organizações: no México, com acampamentos na UNAM e participação da CEM e da FEU de Guadalajara; no Panamá, com um encontro de solidariedade na Universidade do Panamá pelas organizações FER-29, PAT, MJP e AEKU; na Costa Rica, com participação da FEUNA; e na Nicarágua, com a UNEN. No Caribe, em Cuba, houve encontros em todas as universidades e acampadas antiimperialistas; na República Dominicana, a Federação de Estudantes Dominicanos fez uma declaração. Na Venezuela, desde 30 de abril, houve uma grande mobilização nacional estendida a outras universidades, e no Equador, a FEUE Nacional se mobilizou em 10 de maio em uma jornada nacional de solidariedade. O movimento estudantil latino-americano e caribenho reforça sua histórica defesa ao povo palestino e leva às ruas a bandeira anti-colonial e anti-imperialista.
No Brasil, diante desse endurecimento da postura do estado genocida de Israel nos ataques ao povo palestino, a União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou o primeiro ato de rua pró-Palestina, em frente a Faculdade de direito da USP, e na ocasião reuniu estudantes, trabalhadores, comunidade árabe-palestina, todos unidos em defesa da paz no Oriente Médio. Recentemente esteve presente no primeiro acampamento da resistência e em defesa da liberdade da Palestina que aconteceu na Universidade de São Paulo. Mesmo diante da catástrofe climática que o Sul do Brasil enfrenta, a solidariedade e organização continuam presentes nos estudantes brasileiros. Arrecadando doações para as vítimas do RS e articulando novos acampamentos e atos ainda essa semana, com ações já confirmadas na Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal de Santa Catarina. As ações em questão tem centralidade nos pedidos de cessar-fogo imediato, a liberdade do povo palestino, a paz no Oriente Médio e o rompimento das relações do Brasil com Israel, inclusive, das relações científicas e tecnológicas entre as universidades
brasileiras e israelenses. Sobre o último ponto é importante destacar de que é uma característica dos estudantes brasileiros defenderem que as universidades, a ciência e a tecnologia estejam à serviço da vida e do combate às desigualdades sociais, buscando dignidade para o povo e não à serviço da morte, da violência e do genocídio. Que esse sentimento de revolta, solidariedade e justiça ecoe e continue ecoando em todo o mundo.
Solidariedade aos estudantes dos EUA e todos aqueles que estão sendo perseguidos apenas pelo seu ato internacionalista de denunciar o genocídio de Israel. A “grande democracia” deve ser desmascarada pelos estudantes, jovens e trabalhadores do centro do capitalismo.