Às 5h12 da manhã de 26 de julho de 1953, 100 homens e duas mulheres, sob a liderança de Fidel Castro, fizeram um ataque armado ao quartel militar de Moncada, em Santiago de Cuba. O seu objetivo: iniciar a luta revolucionária contra o ditador Fulgencio Batista, obter armas dos soldados derrotados e ir para as montanhas para continuar a guerra até a vitória. O plano era o mesmo no quartel de Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo, a 128 quilômetros de distância.
Mas o ataque ao Moncada fracassou. Em poucas horas, um massacre sangrento foi promovido pelo exército de Batista. Apenas seis rebeldes morreram em combate; outros 55 homens foram capturados, torturados e massacrados.
No entanto, o ataque ao Moncada se tornou um toque de clarim para o povo cubano, que tomou conhecimento do ousado e corajoso desafio a Batista. Cinco anos e cinco meses depois, o Movimento 26 de Julho de Fidel conseguiu derrubar o ditador fantoche dos EUA, Batista. Assim começou a luta pela libertação nacional e a construção socialista de Cuba. Hoje, o dia 26 de julho é um feriado importante em Cuba.
Na madrugada de 26 de julho deste ano, 10 mil cubanos entraram no terreno sagrado do Quartel Moncada – agora uma escola – para comemorar o 70º aniversário do ataque ao Moncada. Acompanhando-os estavam cerca de 269 visitantes de brigadas internacionais de 26 países, dos EUA, de Porto Rico, da Venezuela, da Alemanha, da Bélgica, do Chile, do Canadá e de outras nações do Caribe. Dos Estados Unidos vieram os caravanistas da IFCO/Pastores pela Paz e um grupo de líderes da Brigada Venceremos. Ativistas do Comitê de Solidariedade a Cuba e Venezuela também participaram. Na marcha de solidariedade dos ativistas internacionais no dia anterior, Porto Rico liderou a delegação principal, lembrando os 125 anos de colonialismo dos EUA e de luta pela independência.
Aplaudidos de pé na comemoração histórica estavam o presidente Miguel Díaz-Canel, dois dos principais combatentes do assalto a Moncada, o líder histórico da Revolução e general do Exército Raúl Castro e Ramiro Valdez Menéndez, que se tornou comandante da guerrilha.
Uma impressionante performance cultural/política e uma reconstituição do dia 26 de julho de 1953 precederam o discurso do presidente, com uma projeção dramática nas paredes da fachada do Moncada. A apresentação foi iniciada com artistas dançando para representar as comemorações do Carnaval em Santiago naquela noite fatídica. Fidel Castro escolheu o dia do tradicional festival para iniciar a ação armada porque imaginou que os soldados estariam distraídos ou dormindo.
Representando os principais eventos do ataque a Moncada e os eventos subsequentes, cenas digitais dramáticas foram projetadas na fachada do antigo quartel. A imagem e o nome de cada mártir foram projetados, acompanhados por uma música comovente cantada por duas cantoras.
Para se dirigir à multidão, o Presidente Díaz-Canel subiu ao palco e foi aplaudido de pé.
Ele falou sobre o sacrifício altruísta dos combatentes e dos heróis que sobreviveram para continuar a luta.
Trazendo aquela data histórica para o presente, Díaz-Canel disse: “Mas desde 1959 somos muito mais do que algumas dezenas de jovens corajosos contra a tirania de Batista. Desde 1959, somos um povo que defende a revolução e o socialismo como o caminho mais justo para alcançar a sociedade mais justa para todos.”
Gloria La Riva / Liberation
Ato político-cultural marca os 70 anos do assalto ao Quartel Moncada, em Santiago de Cuba
“Cuba teve de enfrentar as ambições imperiais de seu poderoso vizinho por mais de 200 anos, com várias formas e métodos de sedução ou agressão, com a cenoura ou com o porrete. É uma conduta ditada pela própria natureza do imperialismo, o inimigo natural do direito à autodeterminação dos povos e de qualquer governo que se proponha a desenvolver verdadeiramente um programa de justiça social. […] Eles se mostraram mais agressivos e mais intolerantes ao perceberem que não há força no mundo capaz de nos fazer renunciar aos ideais marxistas, mas também aos ideais de Martí e Fidel, que inspiram a luta incansável pela maior justiça social possível. Isso explica a gravidade do bloqueio econômico e as atuais medidas de reforço [dele] estabelecidas pelo governo de Donald Trump e mantidas pelo governo de Biden, cujo efeito foi um aumento na política de coerção econômica que elevou o bloqueio a uma dimensão qualitativamente mais agressiva e prejudicial.”
Díaz-Canel listou cinco componentes principais da guerra econômica dos EUA:
– A lista espúria de países que os EUA declararam unilateralmente como patrocinadores do terrorismo. Esse decreto restringiu severamente a capacidade de Cuba de usar bancos internacionais para comércio, negócios e importações.
– O Título 3 da Lei Helms-Burton, que permite que entidades dos EUA processem qualquer empresa internacional no mundo que invista em Cuba. Isso tem dificultado muito os investimentos na ilha.
– O bloqueio da importação de petróleo necessário para as necessidades energéticas do país.
– A demonização e perseguição das missões médicas internacionalistas de Cuba, forçando os países a expulsar os médicos cubanos que prestam atendimento essencial a centenas de milhares de pessoas no mundo gratuitamente, sendo que, em países com maior desenvolvimento econômico, os serviços profissionais cubanos proporcionam uma renda importante para o sistema de saúde interno de Cuba.
– A existência de uma lista norte-americana que restringe enormemente o direito do povo dos EUA de viajar a Cuba, proibindo o patrocínio em quase todos os hotéis da ilha, chegando ao ridículo de proibir o acesso dos norte-americanos às praias.
Os visitantes internacionais emitiram resoluções de compromisso para intensificar a luta contra o bloqueio dos EUA e contra a falsa designação de Cuba como um estado patrocinador do terrorismo.
Díaz-Canel reconheceu as grandes dificuldades que todo o povo cubano enfrenta com a guerra econômica que os EUA impõem. Mas ele também homenageou o heroísmo contínuo dos cubanos que estão determinados a defender sua revolução:
“Bons cubanos, patriotas, compatriotas, homens e mulheres de Santiago:
Ratifiquemos aqui, diante dos assaltantes da guarnição de Moncada, há 70 anos, que ainda nos acompanham, e na terra que contém o sangue ou as cinzas daqueles que já não estão mais aqui, para preservar e proteger a memória daqueles que deram suas vidas para que finalmente fôssemos livres, naquele ato altruísta que ainda nos comove.
Desde 26 de julho de 1953, o melhor de cada geração tem enfrentado os desafios e as dificuldades que os tempos nos impõem, com o espírito que foi revelado em Moncada, a ideia de Fidel que nunca nos deixará: o revés pode se transformar em vitória! […]
Obrigado, Santiago!
Viva a Revolução Cubana!
Pátria ou morte, venceremos!”
(*) Gloria Estela La Riva é membro do Party for Socialism and Liberation (PSL) dos Estados Unidos, e foi a nominada do partido para as eleições presidenciais de 2020
(*) Tradução de Pedro Marin