O Conselho Nacional Palestino, reunido no Cairo, elegeu em 4 de fevereiro de 1969 Yasser Arafat como presidente do Comitê Executivo da OLP (Organização de Libertação da Palestina). Arafat havia fundado no Kuwait, em 1959, o Al Fatah, movimento nacionalista palestino que coordenaria as ações contra Israel. Mas a facção mais à esquerda do movimento palestino, a Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), recusou-se ter Arafat como líder, o que provocaria uma cisão do grupo a partir de 1983.
Nascido na Palestina sob o mandato britânico, Arafat concluiu sua formação de engenheiro no Cairo. Ao fundar o Al Fatah conseguiu atrair outras organizações dispersas, reunindo-as em 1964, na OLP. Os objetivos eram claros: interpelar as instâncias internacionais levando-as a se preocupar com a causa palestina, além de fundar no território vizinho ao de Israel, que lhe havia sido destinado pela Partilha da ONU de 1947, um Estado laico e democrático.
Em 1974, Arafat é convidado às Nações Unidas para se pronunciar numa sessão especial da Assembleia Geral daquele órgão, no dia 13 de novembro – “com o fuzil em uma mão e um ramo de oliveira na outra”, segundo suas próprias palavras. Era a consagração diplomática desse homem que em cinco anos conseguira tomar as rédeas do movimento palestino e impor sua estratégia, qualificada como moderada.
Em maio de 1964, os países árabes ratificaram a criação da OLP, sob os auspícios de Abdel Nasser, presidente do Egito, e de seu aparelho militar, o Exército de Libertação da Palestina. Porém, os métodos empregados por esse exército, que incluíam ações terroristas, fizeram acender críticas por toda parte. De resto, a diáspora de palestinos pelos países árabes circunvizinhos era mal tolerada.
Em 1970, o exército jordaniano voltou suas armas contra os palestinos: o resultado foi um banho de sangue. Os mortos lotavam os campos de refugiados. Menos de um ano depois, a OLP estava fora da Jordânia. Arafat foi considerado responsável pelo desastre. No entanto, conseguiu se manter no posto e instalou-se no Líbano.
Os palestinos da organização Setembro Negro – mês do massacre jordaniano – iniciaram uma escalada terrorista, que se tornou tristemente célebre com o assassinato de atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. A Guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973, só fez piorar a situação.
Entretanto, no fim daquele ano, Arafat obteve um triunfo diplomático: a conferência de cúpula da Liga Árabe reconheceu o direito da OLP de representar o povo palestino. A organização pôde então entrar na cena diplomática.
Os anos que se seguiram foram de reconhecimento internacional da OLP. Arafat fez sua primeira viagem oficial à URSS, foi recebido no Egito e confortado pelos Estados islâmicos e pela Liga Árabe, recebeu o apoio da Arábia Saudita e obteve o direito de enviar observadores à Unesco, entre outras iniciativas.
Porém, a organização palestina foi obrigada a abandonar sua última base, o Líbano. Em 6 de junho de 1982, sob o comando de Ariel Sharon, o exército israelense lançou a operação Paz na Galiléia e invadiu o Líbano. O cerco de Beirute e os massacres dos campos de Sabra e Chatila emocionaram a opinião pública internacional. Os palestinos tiveram de deixar a capital libanesa, no entanto sua causa conquistou simpatias.
A OLP migra para Tunis. Arafat renuncia à luta armada e reconhece o Estado de Israel. Em 1993, assina acordos de paz com Ytzhak Rabin e Shimon Peres, que valem aos três o Nobel da Paz.
Contudo, o assassinato de Rabin por extremista de direita em Israel estanca o processo de paz, cabendo ao seu sucessor Bibi Netaniahu jogar a pá de cal sobre ele. Enquanto a dissidência armada do Hamas fragiliza sua posição e ele se esforça por controlar a situação valendo-se de métodos autoritários, Arafat torna-se o inimigo número 1 da direita israelense, que busca eliminá-lo através de seguidos ataques aéreos que o isolam em restrito território e em uma cassamata.
Arafat morre em 2004, em Clamart, na França, de causas ainda hoje controversas. Somente em 2005, a Autoridade Palestina elege Mahmoud Abbas para sucedê-lo.
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