A onda de ataques violentos iniciada nesta terça-feira (09/01) por facções criminosas em várias cidades do Equador provocou até o momento uma tímida reação por parte dos governos dos demais países da América do Sul.
O governo brasileiro foi um dos primeiros a se manifestar, ainda na noite desta terça, através de uma nota do Itamaraty.
“O governo brasileiro acompanha com preocupação e condena as ações de violência conduzidas por grupos criminosos organizados em diversas cidades no Equador. Manifesta também solidariedade ao governo e ao povo equatorianos diante dos ataques”, afirma o comunicado.
O Itamaraty também anunciou a ativação de um serviço especial para atender os brasileiros que estejam no Equador e precisem de apoio especial devido à situação que se vive no país. Os interessados devem entrar em contato com o número +55 61 98260-0610, que atende não só ligações como também através da plataforma de mensagens WhatsApp.
Porém, não houve qualquer manifestação oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema até o momento.
O jornalista Tales Faria afirmou em sua coluna no UOL que o mandatário brasileiro conversou sobre a questão equatoriana com o chanceler Mauro Vieira, na manhão desta quarta-feira (10/01), e que a reunião teria abordado uma possível ação contra o tráfico nas fronteiras, a ser coordenada pelo Ministério da Justiça, mas nenhuma medida foi anunciada oficialmente até o momento.
Argentina
O governo de Javier Milei também se expressou através de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, a qual afirma que “o Equador está vivendo momentos de extrema violência, com fugas de presos, sequestros e o narcotráfico realizando ações que derivam em um decreto do presidente Daniel Noboa”.
O primeiro trecho do comunicado argentino faz alusão ao Estado de exceção imposto pelo mandatário equatoriano na segunda-feira (08/01), após a fuga de José Adolfo Macías Salazar, líder da facção criminosa conhecida como “Los Choneros”.
El Gobierno argentino manifiesta el más firme respaldo a las autoridades y pueblo de #Ecuador, presidente @DanielNoboaOk, en su lucha contra el accionar de la delincuencia organizada que busca socavar el imperio de la ley. pic.twitter.com/BUk327Cnui
— Cancillería Argentina ?? (@CancilleriaARG) January 10, 2024
Em seguida, a diplomacia argentina afirma que o governo de Milei “brinda todo o seu apoio ao governo de Noboa”, e ressalta que isso inclui a decisão equatoriana de “mobilizar as Forças Armadas e a Polícia Nacional contra aqueles que encomendaram a execução de operações visando neutralizar as organizações criminosas e recuperar a ordem pública”.
Militares do Equador fazem custódia de canal de televisão que foi alvo de sequestro no dia anterior
Colômbia e Peru
Os dois únicos países que possuem fronteiras terrestres com o Equador reagiram de forma bastante protocolar.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expressou pessoalmente seu desejo de apoiar o governo do Equador, mas apenas se isso for solicitado.
“Estamos atentos para entregar todo o apoio que o governo do Equador nos solicite”, afirmou em suas redes sociais o mandatário colombiano, que lidera um governo formado por uma coalizão de esquerda, o qual contrasta ideologicamente com a direita ultraliberal (e aliada à extrema direita) do equatoriano Noboa.
Estamos atentos a todo el apoyo que el gobierno del Ecuador nos solicite.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) January 10, 2024
Já o governo do Peru mostrou uma certa confusão interna em sua reação. Na noite de terça-feira (09/01), o chefe do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, chegou a anunciar o fechamento das fronteiras com o país vizinho, afirmando que as Forças Armadas do país tinham ordens para evitar que a onda de violência não ingressasse em seu país.
No dia seguinte, o ministro da Defesa, Jorge Chávez, reabriu as fronteiras, dizendo que a medida “não é mais necessária”, mas manteve o que chamou de “proteção militar especial” em todos postos fronteiriços terrestres entre os dois países.
Venezuela
O líder sul-americano que publicou a mensagem mais abrangente a respeito do que acontece no Equador foi o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Através de suas redes sociais, o mandatário bolivariano afirmou que repudia “a violência das facções criminosas equatorianas, que colocam em risco a segurança e a paz da nossa república irmã, e expresso, em nome da Venezuela, nossa solidariedade ao povo e ao governo do Equador nesta luta contra o flagelo do crime organizado”.
“Confio no pronto restabelecimento da ordem e na atuação oportuna da Justiça contra os autores intelectuais e materiais destes inaceitáveis atos terroristas”, completou Maduro em sua mensagem.
Rechazo de manera contundente la violencia desatada por las bandas criminales ecuatorianas que ponen en riesgo la seguridad y la paz de nuestra hermana República y expreso, en nombre de Venezuela, nuestra solidaridad al pueblo y al gobierno del Ecuador en esta lucha contra el…
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) January 10, 2024