As autoridades equatorianas promovem nesta quinta-feira (18/01) uma série de ações contra grupos criminosos, após o assassinato do promotor antimáfia César Suárez, ocorrido ontem em Guayaquil (sudoeste). Dois homens suspeitos de envolvimento no caso foram presos, segundo o comandante da polícia, general César Zapata. Em outra operação, centenas de militares e policiais entraram no complexo penitenciário da cidade.
O homicídio do promotor César Suárez, que investigava o recente ataque armado ao canal de televisão TC, marca uma nova escalada da guerra vivida pelo Equador com as facções do narcotráfico. Suárez foi morto a tiros, na quarta-feira (17/01), enquanto dirigia seu carro na cidade portuária. Logo depois do crime, a polícia informou que havia encontrado um veículo queimado que tinha relação com o caso.
“Prendemos dois suspeitos envolvidos no assassinato do promotor César Suárez, em #GYE (Guayaquil, ndr), após procedimentos investigativos que nos permitiram identificar a suposta participação no ato criminoso”, indicou o delegado César Zapata, nesta quinta-feira, na rede social X. Ele acrescentou que entre os “indícios” encontrados pelos agentes constam uma espingarda, duas pistolas, carregadores e dois veículos. Em imagens divulgadas pelo comandante, também são vistos uniformes de instituições públicas e outras peças de vestuário.
Nesta quinta-feira, imagens divulgadas pela imprensa local mostram uma dezena de veículos blindados estacionados em frente à prisão de Guayaquil. Posteriormente, foi anunciado que os militares entraram no prédio.
As forças de segurança “realizam uma nova intervenção no Centro de Privação de Liberdade #Guayas, controlando o perímetro externo e interno do centro penitenciário”, afirmaram as Forças Armadas em sua conta na rede social X. Tanques e esquadrões fortemente armados permaneciam posicionados ao redor da prisão. Segundo a polícia, duas pessoas foram assassinadas na madrugada em diferentes bairros da cidade.
Twitter/Jean Paul Guzmán
Polícia prende dois suspeitos de matar promotor no Equador; militares fazem operação em presídio
Procuradora-geral é ameaçada de morte
A procuradora-geral Diana Salazar expressou a determinação das autoridades contra os criminosos. “Diante do assassinato de nosso camarada César Suárez (…) serei enfática: grupos do crime organizado, criminosos, terroristas não impedirão nosso compromisso com a sociedade equatoriana”, disse Salazar, em um vídeo divulgado na rede X.
Suárez foi encarregado de determinar qual grupo criminoso estava por trás da invasão, durante a transmissão de um programa do canal TC em 9 de janeiro, em meio a uma crise de violência no país que levou o presidente Daniel Noboa a declarar um “conflito armado interno” e a ordenar aos militares que “neutralizem” cerca de 20 gangues de traficantes, por ele chamadas de “terroristas”. Desde então, tanques militares patrulham o país e entraram nos presídios para recuperar o controle.
O promotor liderou as investigações que revelaram a infiltração de máfias no sistema judicial e escândalos de corrupção na compra de material médico durante a pandemia de Covid-19.
Empresário deportado
Neste último caso, entre os condenados pela Justiça em 2021, estava o empresário Daniel Salcedo, que cumpriu apenas dois anos de reclusão, dos 13 anos a que foi condenado. Salcedo se beneficiou de uma decisão judicial que lhe concedeu liberdade.
Também envolvido no caso “Metástase”, que revelou em dezembro os vínculos de um poderoso traficante de drogas com juízes, procuradores, policiais e um ex-diretor da administração penitenciária, Salcedo foi deportado na quarta-feira do Panamá, após um alerta vermelho lançado pela Interpol.
Após o assassinato de Suárez, o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, expressou o “forte compromisso do governo em apoiar a administração da Justiça”, declarou o ministro.
A procuradora-geral também denunciou ameaças de morte contra ela por parte de um dos líderes da gangue “Los Lobos”, que fugiu da prisão em meio aos tumultos da semana passada.
A ofensiva dos grupos criminosos foi uma retaliação à política linha-dura do presidente Noboa, que decidiu enfrentar as gangues, muitas delas com conexões com cartéis de tráfico do México e da Colômbia, em um país que até há poucos anos era considerado tranquilo.