O presidente boliviano Luis Arce disse na noite desta terça-feira (10/05) que não participará da IX Cúpula das Américas, que acontece entre 6 e 10 de junho em Los Angeles, nos Estados Unidos, caso algumas nações da região forem excluídas do evento.
A declaração do mandatário foi feita no mesmo dia em que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que pelo mesmo motivo não participaria do evento e que enviaria um representante, o ministro das Relações Exteriores [Marcelo Ebrard], em seu lugar.
“Se forem excluídos, se nem todos forem convidados, uma representação do governo mexicano, o ministro das Relações Exteriores [Marcelo Ebrard] irá, mas eu não”, explicou o mexicano durante sua conferência de imprensa na amanhã da última terça.
Arce, por sua vez, disse que ser “consistente com os princípios e valores do Estado Plurinacional da Bolívia” e que, portanto, reafirma que “uma Cúpula das Américas que exclua os países americanos não será uma Cúpula das Américas completa e, se persistir a exclusão das nações irmãs, não participarei dela”.
Os líderes mexicano e boliviano não são os primeiros a se posicionarem contra a decisão unilateral dos EUA em excluírem do encontro Cuba, Nicarágua e Venezuela.
No início de maio, o chefe da diplomacia norte-americana para as Américas, Brian Nichols, confirmou em entrevista à emissora NTN24 que não convidaria as três nações por decisão do presidente Joe Biden. “Mas acho que ficou muito claro”, disse Nichols, “que países que não respeitam a democracia por suas ações não receberão convites”.
Lucho Arce/Twitter
Luis Arce se junta a outros líderes do continente que repudiam a decisão dos EUA
Já no dia 5, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, classificou a medida como “conduta antidemocrática”, afirmando que “qualquer tentativa de excluir um país de nosso continente de uma Cúpula das Américas seria uma conduta antidemocrática e arbitrária” e que o evento não seria “tão” das Américas. Seu homólogo venezuelano Félix Plasencia disse que a medida tomada pelos Estados Unidos se trata de “uma clara rejeição à diversidade e ao diálogo construtivo”.
Também na semana anterior, o embaixador de Antígua e Barbuda nos Estados Unidos, Ronald Sanders, revelou que os países da Comunidade do Caribe (Caricom) também consideram se ausentar do evento, se exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua for sustentada.
Ainda em abril, no dia 25, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, já havia denunciado a exclusão do país caribenho das convocações e preparativos para o encontro, assinalando que o país norte-americano “está exercendo uma pressão extrema sobre numerosos governos da região que, de forma privada e respeitosa, se opõem a esta exclusão”.
O Grupo Puebla, formado por mais de cinquenta ex-presidentes e líderes da região, também mostrou sua recusa em enfrentar a exclusão promovida por Washington.
É a primeira vez que a Cúpula das Américas, cuja primeira edição ocorreu em 1997, será sediada pelos EUA.
(*) Com TeleSur.