O Sindicato dos Atores de Hollywood (Sag-Aftra, na sigla em inglês) rejeitou a “última e definitiva” proposta dos estúdios, representados pela Aliança de Produtores de Filmes e Televisão (Amptp), sobre as medidas a serem incluídas no novo contrato dos intérpretes.
“Os dois lados ainda estão distantes em várias questões importantes, incluindo a inteligência artificial”, escreveu a Sag-Aftra em uma breve nota divulgada na noite da última segunda-feira (06/11).
Dear #SagAftraMembers:
This morning our negotiators formally responded to the AMPTP’s “Last, Best & Final” offer.
Please know every member of our TV/Theatrical Negotiating Committee is determined to secure the right deal and thereby bring this strike to an end responsibly. 1/2 pic.twitter.com/1PwqaoNXAJ
— SAG-AFTRA (@sagaftra) November 6, 2023
A associação, que representa cerca de 160 mil artistas que vão desde figurantes até grandes atores de cinema, afirmou que “está determinada a garantir o acordo correto e, portanto, terminar esta greve de forma responsável”.
Com o “não” do sindicato, a possibilidade de encerrar a greve iniciada no último dia 14 de julho fica cada vez mais distante. Segundo o site norte-americano Deadline, as negociações podem ser suspensas até janeiro de 2024.
Até o momento, no entanto, não há informações oficiais sobre quando as partes retomarão as negociações. Em declaração à agência italiana ANSA, o CEO da Netflix, Ted Sarandos, explicou que as conversas devem ser retomadas em breve.
“Voltaremos à mesa o mais rápido possível, porque todos queremos voltar a trabalhar”, declarou o executivo à margem de um evento em Los Angeles.
Os atores de Hollywood iniciaram a paralisação em julho passado, seguindo a decisão do sindicato de roteiristas (WGA), para protestar por melhores condições contratuais, em especial com os streamings, e proteção contra o uso da inteligência artificial na indústria cinematográfica.
SAG-AFTRA/Twitter
Não há informações oficiais sobre quando as partes retomarão as negociações
Modelos de negócio “propositalmente secretos”
Vale recordar que em entrevista a Opera Mundi, em agosto, Eliza Paley, profissional de edição de som de produtos cinematográficos nos Estados Unidos, avaliou que apesar das exigências quanto aos contratos, os modelos de negócio das empresas de streaming são “propositalmente secretos”.
“Historicamente, era possível medir a quantidade de dinheiro que os filmes traziam através das receitas de bilheteira e das vendas de DVD e, por isso, os sindicatos podiam negociar uma fatia do bolo que todos conheciam. Atualmente, o modelo de negócio destas empresas é propositalmente secreto. Não querem, de forma alguma, revelar onde e como estão ganhando dinheiro e, definitivamente, não querem compartilhar nada desse montante”, disse Paley, que também é integrante do Aliança Internacional de Empregados de Palcos Teatrais (IATSE, sigla em inglês), sindicato que representa os técnicos e trabalhadores da indústria audiovisual do Canadá e Estados Unidos.
Paley também considerou que “os atores são, naturalmente, um grande impulso para o esforço, uma vez que têm um perfil mais elevado e são naturalmente carismáticos. A maioria das pessoas não sabe quem escreve seus filmes ou programas de televisão favoritos, mas normalmente sabe quem são as estrelas”.
Paralisação do WGA
Apesar da continuidade da greve pelos atores, a paralisação dos roteiristas teve fim em setembro, após uma votação ter aprovado de forma unânime o acordo fechado com os representantes dos estúdios.
O jornal New York Times informou que o Writers Guild of America (WGA), que representa 11,5 mil roteiristas de cinema e televisão, enviou aos seus membros um contrato provisório de três anos com empresas de entretenimento que aguarda ratificação.
Os estúdios teriam concordado com algumas exigências da WGA por aumentos de salário, garantias de escrita de roteiros, royalties mais elevados para trabalhos de streaming e proteções contra “inteligência artificial”.
(*) Com Ansa