A CIA começou a enviar armas para os opositores sírios do governo de Bashar al Assad há duas semanas, segundo revelou o jornal The Washington Post nesta quinta-feira (12/09), citando autoridades sírias e norte-americanas. Veículos e outros equipamentos do Departamento de Estado também despachados. O envio havia sido prometido há meses pelo presidente Barack Obama.
Leia mais:
Rússia e EUA discutem plano de quatro etapas para destruição de armas químicas na Síria
As autoridades dos EUA esperam que os armamentos e os equipamentos não letais, que incluem kits médicos de combate e sofisticados aparelhos de comunicação, aumentem a força dos opositores no conflito que já dura cerca de dois anos e meio. Em abril, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, havia prometido que as armas chegariam à Síria “em questão de semanas”.
Wikicommons
Opositores sírios durante ofensiva para tomada da cidade da Aleppo; EUA começaram a enviar armas há duas semanas
O atraso, entretanto, deveu-se a dificuldades logísticas na entrega de equipamentos em uma zona de guerra, além dos temores de alguns funcionários de que as armas pudessem acabar nas mãos de jihadistas, afirmou o governo norte-americana. Diversos legisladores dos EUA criticaram o governo de Obama por não se mover mais rapidamente e as reclamações se intensificaram em meio ao debate sobre uma possível intervenção militar do país na Síria.
Leia mais:
Síria aceita colocar armas químicas sob controle internacional, diz Assad
Facção
Segundo o Post, a ajuda que está começando a ser enviada agora é destinada aos que lutam sob o comando do general Salim Idriss, do CMS (Conselho Militar Supremo da Síria), uma facção da oposição armada desarticulada.
Leia mais:
Rússia e China devem analisar proposta francesa sobre Síria nesta quinta
Khaled Saleh, um porta-voz da Coalizão de Oposição Síria, disse ao jornal que os esforços de Washington são bem-vindos, mas insuficientes para mudar o rumo da guerra.
NULL
NULL
“O Conselho Militar Sírio está recebendo tão pouca ajuda que qualquer apoio que recebemos é um alívio” afirmou Saleh. “Mas se você comparar o que nós conseguimos com a assistência que Assad recebe do Irã e da Rússia, perceberá que temos uma longa batalha à nossa frente”, completou.
As remessas da CIA, segundo o Washington Post, estão passando por uma rede de bases clandestinas na Turquia e na Jordânia, as quais foram ampliadas no último ano, quando a agência tentou ajudar aliados no Oriente Médio, incluindo a Arábia Saudita e o Qatar, a enviar armas para a oposição moderada na Síria. A CIA se recusou a comentar o caso.
Segundo a CNN, uma autoridade dos EUA confirmou a história, mas grupos da oposição afirmaram à emissora que ainda não receberam nenhuma arma. “Nós temos promessas de envio de armas dos Estados Unidos, mas até agora não recebemos nada”, declarou Louay al-Mokdad, coordenador de mídia do Exército Livre da Síria.
Ataque químico
Antes de começar a enviar armas para a oposição, os EUA já tiveram um grande papel no conflito da Síria, segundo o presidente Bashar al Assad. De acordo com ele, o ataque químico do dia 21 de agosto, que teria causado mais de 1400 mortes, foi uma provocação orquestrada pelos norte-americanos.
As ameaças de intervenção dos últimos dias são “baseadas em uma provocação com o uso de armas químicas no subúrbio de Damasco e a provocação foi orquestrada pelo governo dos Estados Unidos”, disse Assad em entrevista exclusiva para o canal russo de notícias Rossiya 24.
Ele afirmou ainda que os rebeldes realizaram um ataque químico nos arredores de Aleppo em 19 de agosto, utilizando armas fornecidas por forças externas, e pediu que se investigue quais países forneceram o material, para que sejam punidos.
Agência Efe
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reúne nesta quinta-feira com o chanceler russo Serguei Lavrov para tratar da Síria
Em declarações anteriores à reunião desta quinta com John Kerry, para tratar da proposta de que Assad entregue suas armas químicas à comunidade internacional para evitar um ataque dos EUA, o chanceler russo, Serguei Lavrov, mostrou-se confiante em um acordo com os norte-americanos, tornando uma ação militar “desnecessária”.
“Tenho certeza que nossos colegas norte-americanos estão convencidos que devemos seguir a via pacífica para resolver o conflito sírio”, disse Lavrov. Kerry, por sua vez, afirmou também antes da reunião que “as palavras” de Assad “não são suficientes”, mas espera trabalhar junto aos russos para garantir que a entrega das armas realmente aconteça. O secretário de Estado disse ainda que a Síria teria dez dias para assinar o tratado internacional de banimento das armas químicas.