Em mais uma tentativa de acabar com o programa nuclear do governo de Mahmoud Ahmadinejad, os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (30/07) um novo pacote de sanções financeiras e comerciais sobre o Irã.
O acordo para a implementação da medida partiu tanto de negociadores da Câmara quanto do Senado norte-americano e pretende principalmente isolar segmentos de energia, seguros e transporte oriundos do Irã. Congressistas democratas e republicanos esperam desestabilizar o que alegam ser uma tentativa de Teerã de desrespeitar tratados de não-proliferação de armas nucleares.
Esse novo conjunto de represálias norte-americanas deve ser votado pelos deputados até, no máximo, a próxima quarta-feira (01/08) já que esta é a última semana de trabalho dos parlamentares antes do início do recesso do mês de agosto.
Caso a proposta seja aprovada pelo Legislativo e seja sancionada pelo Executivo, empresas norte-americanas ou com contratos com os Estados Unidos estarão proibidas de negociar com o Irã certas commodities, como o petróleo. A ideia é desestabilizar as finanças de companhias estatais iranianas como a Empresa Nacional Iraniana de Petroleiros e, assim, cercear seu mercado exportador de matérias-primas energéticas.
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A resolução também visa negar vistos a iranianos e congelar todos os ativos de pessoas físicas e jurídicas que atuam no mercado financeiro norte-americano e ao mesmo tempo fornecem armamentos como gás lacrimogêneo e projéteis de borracha a Teerã.
Congressistas também concordaram em aplicar punições contra os diretores e acionistas de empresas como a Swift (companhia especializada em sistemas e tecnologias para transações no mercado financeiro) caso não encerrem imediatamente seus contratos com o Banco Central do Irã.
Antes das sanções, o Irã exportava diariamente para Europa, China, Índia, Japão e Coréia do Sul o equivalente a 2,5 milhões de barris de petróleo. Hoje, autoridades norte-americanas estimam que o valor não ultrapasse 1,8 milhões de barris diários. Membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) desde a fundação do organismo em 1960, o Irã detém 12,7% das reservas petrolíferas do planeta e, nesse critério, fica atrás apenas da Arábia Saudita (22,2%) e Venezuela (24,8%).
Mensagem clara
Em entrevista à agência AFP, a republicana Ileana Ros-Lehtinen, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Casa dos Comuns, alegou que “a resolução envia uma mensagem clara ao regime iraniano de que os EUA estão comprometidos a aplicar sanções para evitar que o país cruze as barreiras da energia nuclear”.
Célebre por seu apoio ao isolamento de Cuba e por sua defesa ao governo militar de Honduras, Ileana também deu declarações à agência JTA e argumentou que “essa sanção bipartidária e bicameral fortalece em bom grau as leis norte-americanas”, uma vez que “atualiza e expande a oposição dos Estados Unidos à tentativa do Irã de ignorá-las”.
Tim Johnson, senador democrata que representa a Dakota do Sul, esclareceu à AFP que a decisão desta segunda-feira “conciliou as resoluções do senado e da câmara” no que diz respeito à tentativa de barrar o avanço do programa nuclear iraniano. Mais além, também destacou que esse acordo “somou [à oposição dos Estados Unidos ao governo de Mahmoud Ahmadinejad] as novas disposições dos congressistas”. Presidente do Comitê Bancário do Senado, ele garantiu à reportagem da AFP que “ajudará a aprovar [o novo pacote de sanções] antes do recesso do Congresso”.
A menos que os iranianos “encerrem seu programa nuclear, parem com a supressão de seus cidadãos e não apoiem mais atividades terroristas, o país estará cada vez mais isolado e vai se deparar com pressões diplomáticas e econômicas cada vez maiores”, ressaltou Johnson.