As agências de inteligência dos EUA criaram uma rede de coleta de informações multi-bilionária depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que chegará a custar mais de U$S 52,6 bilhões neste ano, diz o jornal The Washington Post, com base em documentos fornecidos pelo ex-analista da CIA Edward Snowden.
Leia mais:
Não existe e-mail à prova da Agência Nacional de Segurança
O “orçamento negro” de U$S 52,6 bilhões, como foi chamado pelo Post, nunca foi submetido a escrutínio público. Embora o governo divulgue anualmente seus gastos com espionagem desde 2007, nunca esclareceu como esses fundos são utilizados ou como age diante dos objetivos firmados pelo presidente e pelo Congresso.
Leia mais:
Agência dos EUA pagou milhões a empresas por colaboração em espionagem
O orçamento, que contém 178 páginas e está resumido em infográficos no site do Washington Post, detalha os sucessos e os fracassos das 16 agências de espionagem que compõem a comunidade de inteligência norte-americana, a qual conta com 107.035 funcionários no total.
Leia mais:
Wikileaks: Bradley Manning é condenado a 35 anos de prisão
O resumo do documento descreve tecnologias de ponta, recrutamento de agentes e operações em curso. O jornal afirma que optou por não publicar todo o conteúdo a que teve acesso depois de conversar com autoridades, que expressaram preocupação quanto ao risco para as fontes e os métodos de inteligência.
Agência Efe
Os documentos fornecidos por Edward Snowden revelam complexo de espionagem montado pelos EUA contra o terrorismo
“Os Estados Unidos têm feito um investimento considerável na comunidade de inteligência desde o ataque terrorista de 11/09, um período que inclui as guerras no Iraque e no Afeganistão, a Primavera Árabe, a proliferação de armas de destruição em massa e ameaças assimétricas em áreas como guerra online”, disse o diretor de Inteligência Nacional, James R. Clapper Jr., ao Post.
NULL
NULL
“Nossos orçamentos são sigilosos, uma vez que podem fornecer informações a serviços de inteligência estrangeiros sobre quais são nossas prioridades nacionais, capacidades, fontes e métodos que nos permitem coletar dados para combater ameaças externas”, justificou.
Principais revelações
Segundo o documento, a CIA tem sido a agência privilegiada, recebendo um total de U$S 14,7 bilhões em 2013. O valor é consideravelmente maior do que as estimativas e está cerca de 50% acima do orçamento destinado à NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês), que realiza operações de espionagem e tem sido considerada a “gigante” do grupo.
Essas duas agências, conjuntamente, lançaram novos esforços agressivos para invadir redes de computadores estrangeiras para roubar informação ou sabotar sistemas inimigos, abraçando aquilo a que o orçamento se refere como “operações cibernéticas ofensivas”.
A NSA planejava investigar ao menos 4 mil possíveis “ameaças internas” em 2013, casos em que a agência suspeitava que informação sensível poderia ser comprometida por um de seus próprios funcionários. O documento mostra ainda que os EUA se preocupavam com “comportamento anômalo” de pessoas com acesso a dados secretos bem antes das revelações de Snowden.
Wikicommons
O ex-presidente Bush conversa com soldados sobre guerra ao terror: orçamento anual na época era menor que o de 2013
As quatro categorias da inteligência que mais demandam recursos são: coleta de dados; análise; gerenciamento, instalações e apoio e processamento e exploração de informações. A “constelação” de agências de espionagem se concentra, basicamente, em cinco tópicos: combater o terrorismo, impedir a disseminação de armas nucleares ou não convencionais, alertar os líderes dos EUA sobre eventos críticos no exterior, defesa contra espionagem estrangeira e condução de operações cibernéticas.
O atual orçamento foi 2,4% menor do que o requisitado no ano passado, mas cerca de duas vezes maior que o de 2001 e 25% acima do de 2006, período conhecido como “guerra global ao terror”. Durante o final da década de 1980, coincidente com o final da Guerra Fria, os gastos dos EUA com espionagem provavelmente chegaram ao que hoje equivaleria a U$S 71 bilhões.