A Procuradoria da Guatemala apresentou nesta quinta-feira (16/11) um pedido à Corte Suprema de Justiça (CSJ) para retirar a imunidade do presidente eleito Bernardo Arévalo e da vice-presidente eleita Karin Herrera, ambos do partido de esquerda ambientalista Movimento Semente.
Além de Arévalo e Herrera, o Ministério Público solicitou também a retirada da imunidade de três deputados do Movimento Semente (Samuel Pérez, Román Castellanos e Raúl Barrera), um independente (Aldo Dávila) e um do partido indígena Winaq (Adán Pérez).
A solicitação se baseia em um suposto envolvimento dos políticos na invasão do campus da Universidade de San Carlos (USAC), em meio a uma onda de protestos ocorrida em abril de 2022, na qual o movimento estudantil guatemalteco exigiu a renúncia do reitor Walter Mazariegos.
Nesta mesma quinta-feira, 27 pessoas ligadas ao movimento estudantil foram presas, acusadas de terem participado da invasão do campus da USAC. Uma dessas pessoas é Marcela Branco, militante do Movimento Semente e candidata a deputada (não eleita) pelo partido nas eleições de junho passado.
Apesar de ser a única pessoa ligada ao partido entre os detidos e de não se tratar de uma liderança do Movimento Semente, a simples filiação da estudante ao partido é o principal argumento para defender a tese de envolvimento de Arévalo e Herrera com o caso, e pedir a investigação dos mesmos.
Movimento Semente
Bernardo Arévalo e Karin Herrera são alvo de pedido de investigação do Ministério Público da Guatemala
O promotor que lidera esta acusação é Saúl Sánchez. Segundo o Movimento Semente o acusa de ser aliado de Rafael Curruchiche e da procuradora-geral Consuelo Porras, responsáveis por ao menos quatro casos que tramitam em outras instâncias judiciais e que visam questionar a legalidade do partido do presidente eleito.
Diversos movimentos sociais, especialmente os movimentos indígenas, têm se manifestado no país desde setembro, denunciando um suposto conluio entre o Ministério Público e o partido governista de direita Vamos, do presidente Alejandro Giammattei, para tentar reverter o resultado das eleições.
Um dos elementos que sustenta a denúncia dos movimentos sociais é o fato de que as ações dos promotores surgiram durante a campanha do segundo turno eleitoral, após Arévalo conquistar um surpreendente segundo lugar do primeiro turno e superar o candidato governista Manuel Conde.
A posse de Arévalo como presidente da Guatemala está marcada para o dia 14 de janeiro de 2024, caso nenhuma das ações na Justiça promovidas pelo Ministério Público consiga mudar o cronograma de transição.