A coalizão árabe, liderada pela Arábia Saudita, anunciou nesta terça-feira (21/04) o fim da operação “Tempestade de Firmeza” que, há quase um mês, realizava bombardeios contra o movimento xiita houthi no Iêmen.
Segundo o porta-voz da aliança, Ahmed al Asiri, “a coalizão pôs fim a sua operação a pedido do governo e do presidente iemenita, após considerar que alcançou seus objetivos, que a legitimidade foi protegida e que o povo iemenita já não está exposto ao perigo como no primeiro dia”. Além disso, anunciou uma nova operação batizada como “Devolução da Esperança”, que começará amanhã e que tem como intuito “reconstruir o país”.
EFE
Homem observa na segunda-feira a coluna de fumaça proveniente de bombardeios da coalizão saudita em Sanaa, capital iemenita
Os ataques aéreos sauditas tiveram início no dia 26 de março e foram impulsionados após o chanceler iemenita, Riad Yassin, pedir uma intervenção militar aos países árabes para conter o avanço dos xiitas.
No domingo (19/04), o líder opositor, Abdul Malik al Houthi, chegou a advertir que seu grupo não se renderia aos ataques e ameaçou responder militarmente à coalizão, quando julgasse “conveniente”.
Composta ainda por países como Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein e Egito, a coalizão foi responsável pela morte de dezenas de civis durante a ofensiva – fato que foi duramente criticado por grupos de direitos humanos e pela ONU (Organização das Nações Unidas).
EFE
Membros dos houthis caminham em meio aos destroços deixados por ataques aéreos da coalizão no território iemenita
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Um dos principais países que expressou descontentamento com a empreitada foi o Irã, acusado por potências ocidentais de financiar os houthis no Iêmen. No início deste mês, o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, negou as denúncias e classificou como “genocida” os bombardeios sauditas.
“A agressão da Arábia Saudita contra o Iêmen e contra sua população inocente foi um erro. É um crime e um genocídio que precisa ser julgado em tribunais internacionais”, declarou o líder iraniano à época.
Histórico do conflito
Iêmen está afundado em uma crise institucional desde fevereiro, quando os houthis tomaram o poder e passaram a controlar a capital – Sanaa – além de vários pontos estratégicos do território nacional, inclusive os palácios presidenciais.
Na ocasião, o presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, chegou a anunciar renúncia, mas dias depois voltou atrás. Há algumas semanas, ele declarou que os houthis são “marionetes do Irã” e pediu que os ataques da coalizão árabe no país continuassem até que os milicianos se rendessem. Atualmente, Hadi está refugiado em Riad, capital saudita.
Milícia de oposição xiita, os houthis pegaram as armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010. Há tempos, o grupo reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades iemenitas em setembro de 2014.
EFE
Iemenita recebe tratamento após ter sido atingido por ataque saudita: civis acabaram sendo principais vítimas de ofensiva