“Como a Volkswagen era na época da ditadura militar uma das maiores empresas da América Latina, tinha a condição logística e financeira de vigiar os seus trabalhadores e também trabalhadores de outras empresas do Brasil”. A afirmação é do jornalista alemão Christian Russau, autor do livro “Empresas alemãs no Brasil: o 7X1 na economia”, que, em entrevista a Opera Mundi, conta como fez sua pesquisa sobre as empresas alemãs no Brasil e como elas usaram artifícios como a corrupção e a colaboração com a repressão para atuar no país.
Russau lembra que a empresa de automóveis alemã Volkswagen forneceu informações sobre trabalhadores para o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de repressão da ditadura militar no Brasil. Essas informações, diz, eram passadas aos agentes do governo em chamadas “listas sujas”. “No Arquivo Público de São Paulo e no de outros Estados foram achados documentos com carimbos da Volkswagen contendo informações sobre trabalhadores”, diz. A Volkswagen nomeou um historiador, Christopher Kopper, que confirmou a colaboração da empresa com a ditadura em julho deste ano. “Eu posso dizer que havia uma colaboração regular entre o departamento de segurança da VW do Brasil e os órgãos policiais do regime”, afirmou Kopper, e citou que a Volkswagen “autorizou prisões” dentro do complexo.
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Veja a entrevista, em vídeo:
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Volkswagen era uma das empresas que mantinha relações próximas com a ditadura no Brasil