O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, adiantou nesta terça-feira (10/05) que não participará do encontro da IX Cúpula das Américas, que será realizado entre 6 e 10 de junho na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, caso países do continente sejam excluídos do evento.
“Se forem excluídos, se nem todos forem convidados, uma representação do governo mexicano, o ministro das Relações Exteriores [Marcelo Ebrard] irá, mas eu não”, explicou o mandatário durante sua conferência de imprensa nesta amanhã.
A declaração foi feita depois de o governo norte-americano ter anunciado no início do mês que Cuba, Nicarágua e Venezuela não serão convidados para a Cúpula por supostamente desrespeitarem a “Carta Democrática das Américas”.
Em entrevista à emissora NTN24 na segunda-feira (02/05), o chefe da diplomacia norte-americana para as Américas, Brian Nichols, disse que a decisão é do presidente Joe Biden, “mas acho que ficou muito claro que (…) países que não respeitam a democracia por suas ações não receberão convites”.
Nesta terça, o mandatário mexicano, ao ser indagado se a decisão de não comparecer ao encontro seria uma mensagem de protesto, respondeu que sim. “Não quero que a mesma política continue na América e quero, de fato, fazer valer a independência e a soberania e me manifestar pela fraternidade universal”, disse.
López Obrador ainda destacou que é preciso reconhecer que existem diferenças e buscar resolvê-las “ouvindo um ao outro, conversando”, pois ninguém tem o direito de excluir nações vizinhas. “Como pode uma cúpula das Américas sem todos os países das Américas?”, questionou
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Presidente do México declarou que um representante do país irá em seu lugar caso os EUA mantenham a decisão de excluir países
O presidente junta-se, assim, à posição de outros países da região que repudiaram a decisão norte-americana.
No dia 5 de maio, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, classificou a medida como “conduta antidemocrática”, afirmando que “qualquer tentativa de excluir um país de nosso continente de uma Cúpula das Américas seria uma conduta antidemocrática e arbitrária” e que o evento não seria “tão” das Américas.
Já seu homólogo venezuelano Félix Plasencia disse, ao agradecer o presidente boliviano Luis Arce por sua “retumbante rejeição à possibilidade de tentar excluir unilateralmente alguns países de nossa região da próxima Cúpula das Américas”, que a medida tomada pelos Estados Unidos se trata de “uma clara rejeição à diversidade e ao diálogo construtivo”.
Também na semana anterior, o embaixador de Antígua e Barbuda nos Estados Unidos, Ronald Sanders, revelou que os países da Comunidade do Caribe (Caricom) também consideram se ausentar do evento, se exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua for sustentada.
Ainda em abril, no dia 25, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, já havia denunciado a exclusão do país caribenho das convocações e preparativos para o encontro.
Em declarações à imprensa, o diplomata afirmou que os Estados Unidos estão “enganando a opinião pública e os governos ao afirmarem que ainda não foi decidido sobre os convites”.
Da mesma forma, Rodríguez assinalou que o país norte-americano “está exercendo uma pressão extrema sobre numerosos governos da região que, de forma privada e respeitosa, se opõem a esta exclusão”.
* Com TeleSur.