Um país chamou a atenção na reunião deste sábado (11/07) em que os ministros do Eurogrupo, que reúne as economias da zona do euro, por sua firme resistência contra um novo acordo com a Grécia, que pede mais € 53 bilhões como parte de um terceiro pacote de empréstimos dos credores internacionais.
Segundo diversos relatos, o ministro finlandês foi dos mais intransigentes quanto à possibilidade de acertar um acordo, argumentando haver falta de confiança em relação à oferta grega — para a qual o remédio seria que Atenas começasse a aplicar as reformas propostas de imediato, para demonstrar “boa vontade” — e cobrando do governo esquerdista do Syriza, liderado pelo premiê Alexis Tsipras, mais compromissos com privatizações e reformas nos setores de comércio, pensão e impostos.
Para além do ceticismo, a firme posição finlandesa é fruto de uma pressão interna do país escandinavo. Desde maio, o partido de extrema-direita Verdadeiros Finlandeses faz parte da coalizão governamental chefiada pelo premiê centrista Jiha Sipilä.
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Agência Efe
Ministro das Finanças finlandês, Alexander Stubb, mostrou resistência a acordo grego em reunião do Eurogrupo
Enquanto as lideranças europeias se reúnem em Bruxelas, na capital Helsinque, o parlamento finlandês decidiu que não vai apoiar nenhum outro acordo de resgate aos gregos. A imprensa local, inclusive, reporta que o líder da ultradireita e chanceler do país, Timo Soini, ameaçou o Executivo com uma moção de censura, que derrubaria o governo, caso a Finlândia participasse de um acordo com a Grécia — o próprio Soini já havia, repetidas vezes, defendido publicamente que a Atenas deveria deixar a zona do euro.
De acordo com a legislação na Finlândia, um comitê parlamentar, formado por 25 dos 200 deputados locais, tem poder para expedir ao governo um mandato, cujos parâmetros devem ser seguidos na condução das negociações da Grécia. Membros desse comitê se reuniram no sábado para definir sua posição, que não foi tornada pública pelas autoridades do país.
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O ministro finlandês de Finanças, Alexander Stubb, entretanto, negou que tivesse bloqueado as negociações do Eurogrupo — após a meia-noite de sábado para domingo, a reunião foi interrompida para que prosseguisse no domingo, mas, novamente, foi encerrada sem consenso. O próximo passo do processo é, na tarde deste domingo (12/07), um encontro entre os chefes de governo e Estado somente dos países da zona do euro, e não mais contemplando todos os membros da UE (União Europeia), conforme havia sido convocado há alguns dias.
“Ainda estamos muito longe. Se isto fosse uma negociação de 1 a 10, estamos perto do 3 ou 4”, disse Stubb, que integra o Partido de Centro, majoritário na Finlândia. Nas eleições de abril, a legenda centrista obteve maioria no parlamento, mas, sem conseguir formar governo, convocou os Verdadeiros Finlandeses, que tem discurso xenófobo e ultranacionalista, a integrar a coalizão.
Proposta alemã: 'Grexit' temporário
A posição firme da Finlândia na reunião do Eurogrupo surpreendeu mais do que a proposta apresentada pela Alemanha, principal fiadora da dívida grega e também resistente à concessão de novo empréstimo a Atenas.
O documento apresentado pelo ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, rejeita o novo pedido de resgate financeiro e ainda cogita a possibilidade de um 'Grexit' (saída da Grécia da zona do euro) temporário, por um período de cinco anos.