O chefe de governo italiano, Enrico Letta, anunciou neste domingo (29/09) que pedirá um voto de confiança no Parlamento do país na próxima quarta-feira (02/10), depois que o ex-premiê Silvio Berlusconi levou os ministros de seu partido a renunciar em bloco.
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“Pedirei a confiança do Senado e da Câmara de Deputados. Se não a obtiver, tirarei minhas conclusões”, afirmou Letta em entrevista à televisão italiana.
Os ministros do PdL (Povo da Liberdade, de direita), partido do ex-primeiro-ministro Berlusconi, renunciaram no sábado (28) a seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou como um “gesto louco e irresponsável”.
Agência Efe
O primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta
Esses ministros consideram “inaceitável e inadmissível” o ultimato de Letta, disse no sábado (28) um porta-voz do vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, secretário do PdL.
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Na sexta-feira (27), Letta, farto das ameaças dos deputados do partido do 'Cavaliere', que há dias ameaçavam renunciar se o senado retirasse a vaga de Berlusconi no Parlamento por sua condenação definitiva de fraude, exigiu “obter um esclarecimento político […] no Parlamento entre as forças da maioria” de centro-esquerda e centro-direita, segundo o comunicado.
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“Não estou disposto a levar adiante sem este esclarecimento […] Ou colocamos o país e o interesse de seus cidadãos à frente ou paramos esta experiência”, alertou Letta, que há cinco meses dirige um governo de coalizão direita-centro-esquerda, que recebeu a confiança dos mercados.
Na próxima sexta-feira (04/10), uma comissão do Senado votará se Berlusconi mantém ou perde sua cadeira.
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Segundo o PdL, este voto é fruto do complô de uma esquerda decidida a acabar com a carreira de Berlusconi, que foi condenado no dia 1º de agosto de forma definitiva a uma pena de prisão de quatro anos (reduzida a um) por fraude fiscal.
O magnata das comunicações, de 77 anos, que governou a Itália durante 12 dos últimos 19 anos, escolheu cumprir sua condenação em sua casa de Roma ao invés de realizar trabalhos de interesse geral.
A ameaça dos deputados de Berlusconi de renunciar, o que poderia causar uma crise de governo, gerou duras reações do presidente da República, Giorgio Napolitano, já que o país também poderia ser paralisado, porque ainda não foram aprovados os orçamentos, chave para reativar uma economia em recessão há quase dois anos.
Napolitano, o único que pode dissolver o Parlamento e que aceitou permanecer em seu cargo para garantir o acordo político, pediu aos seguidores de Berlusconi que “respeitem o veredicto” da justiça.
A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda. Parece improvável o retorno dos ministros do PdL.
Os mercados podem reagir negativamente à evolução da terceira economia da zona do euro, que tem dificuldades para sair da crise. A maioria que apoia o futuro governo pode ser reduzida, orientada mais à esquerda, o que pode reduzir sua margem de ação frente a uma grande coalizão.
(*) com agências de notícias internacionais