O CEP (Conselho Eleitoral Provisório) do Haiti declarou, nesta terça-feira (23/08), o início da campanha eleitoral para escolher o próximo presidente do país, sem mandatário desde fevereiro e que teve seu último pleito anulado por denúncias de irregularidades.
A campanha deverá terminar em 7 de outubro, dois dias antes da votação, programada para o dia 9. Se nenhum dos candidatos alcançar 50% dos votos, a votação para o segundo turno deverá ocorrer em 8 de janeiro de 2017.
Agência Efe
Mandato de Jocelerme Privert como presidente interino do Haiti terminou em 15 de junho
No início de junho, o CEP anulou o primeiro turno das eleições do país, que havia sido realizado em 25 de outubro do ano passado.
A decisão seguiu as recomendações de um relatório da Comissão de Verificação, que propôs a anulação do pleito após constatar fraudes “sistemáticas” no processo de votação. De acordo com a comissão, foi impossível determinar o número de eleitores que depositaram seu voto nas urnas.
O segundo turno do pleito chegou a ser adiado por três vezes em função de denúncias de irregularidades, o que levou a protestos na nação centro-americana.
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Sem a realização de eleições para escolher seu novo chefe de Estado, o então presidente do país, Michel Martelly, finalizou em fevereiro seu mandato constitucional de cinco anos sem entregar o poder a um sucessor legítimo.
No lugar de Martelly, o então presidente do Senado, Jocelerme Privert, foi eleito de forma indireta pela Assembleia Nacional como presidente interino do país. Seu período no cargo encerrou-se oficialmente em 15 de junho, e os legisladores haitianos não chegaram a um acordo sobre o futuro do presidente interino.
Em entrevista à agência Reuters, Privert defendeu que as eleições ocorram na data estipulada para que o país tenha um líder “legitimado” e possam, assim, “amenizar” as preocupações a respeito da estabilidade política. “Não posso nem mesmo imaginar um Plano B”, declarou. “O risco para o país é muito grande”.
Os favoritos na disputa são o conservador Jovenel Moise, apoiado pelo ex-presidente Martelly, e o candidato de centro-esquerda Jude Celstin, respectivamente primeiro e segundo colocados no primeiro turno em 2015.
Financiamento
Outra preocupação é a respeito do financiamento do pleito. Enquanto a última eleição foi realizada com recursos da comunidade internacional, a eleição deste ano deverá ser bancada pelo próprio país. O orçamento da eleição, segundo autoridades eleitorais, está estimado em 55 milhões de dólares.
Os Estados Unidos, que contribuíram com a maior fatia de recursos no último ano (22 milhões de dólares), anunciaram que não darão dinheiro em 2016.
O ministro das Finanças, Yves Romain Bastie, disse à Reuters que os fundos deverão ser coletados a partir de um porto no país e do Banco Central haitiano e do Banco Nacional de Crédito.