O Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE) anunciou nesta sexta-feira (10/11) a conformação de dois novos pactos visando formar a maioria necessária no Parlamento para que seu líder, Pedro Sánchez, seja investido em seu segundo mandato como primeiro-ministro do país ibérico.
Os acordos com o Partido Nacional Basco (PNV, por sua sigla em espanhol) e com a Coligação das Ilhas Canárias daria ao PSOE um total de 179 votos na sessão que decidirá sobre sua investidura.
Nessa ocasião, o Parlamento analisará a proposta de dar um segundo mandato Sánchez, que está no poder desde junho de 2018. Ele precisará do apoio de ao menos 176 deputados para obter a maioria simples, em um colegiado que possui 350 assentos no total. Essa sessão está previamente marcada para o dia 27 de novembro, mas o PSOE pode pedir uma antecipação caso considere conveniente.
Antes desses dois novos acordos, o PSOE já havia confirmado os apoios da Esquerda Basca (EH Bildu), da Esquerda Republicana Catalã (ERC), do Juntos Pela Catalunha (Junts) e do Bloco Nacionalista Galego (BNG). Os aliados regionalistas reunidos somam um total de 27 votos, que serão decisivos para a investidura.
Caso isso aconteça, a Espanha manterá a atual fórmula de governo, liderada pelo PSOE, partido do premiê Sánchez, que elegeu 121 representantes no Parlamento nas eleições gerais de 23 de julho, e também sustentada pelo Movimento Somar, segunda maior força progressista do país, que possui 31 parlamentares e busca manter sua líder, Yolanda Díaz, no cargo de vice-premiê.
Fracasso da direita
Vale lembrar, porém, que o PSOE não obteve a maior bancada nas eleições de julho. O partido mais votado naquela jornada foi o conservador Partido Popular (PP), que elegeu 137 deputados.
PSOE
Sánchez tem até o dia 27 de novembro para oficializar sua investidura, que marcaria o início do seu segundo mandato como premiê da Espanha
Dono da bancada mais numerosa, o PP teve a chance de propor a investidura do seu líder, Alberto Núñez Feijóo, como novo primeiro-ministro. Essa opção, porém, foi descartada no dia 29 de setembro, quando a proposta conservadora alcançou apenas 172 votos na terceira e última tentativa de obter o quórum mínimo de 176 apoios.
Uma das razões do fracasso do PP foi sua aliança com o partido de extrema-direita Vox, dono de 33 cadeiras no parlamento. Sua posição como segunda maior força dentro da coalizão permitiu aos extremistas impor o nome do seu líder, Santiago Abascal, como vice-premiê em um eventual governo de Feijóo.
Porém, foi justamente a presença de Abascal e do Vox que impediu o apoio dos partidos regionalistas à fórmula da direita. Os movimentos da Catalunha e do País Basco são tratados pela extrema-direta espanhola como “separatistas” e “terroristas”, e alguns deles enfrentam ações na Justiça do país sob a acusação de “atentar contra a unidade espanhola”.
A bancada PP-Vox, que possui 170 representantes, precisava de apenas seis votos a mais para obter maioria. Porém, dos 28 parlamentares de partidos regionalistas, apenas dois (um da Coligação das Ilhas Canárias e outro da União do Povo de Navarra) votaram a favor da investidura de Feijóo.
Dias depois, o rei da Espanha, Felipe VI, concedeu a Sánchez, líder do segundo partido com maior votação nas eleições de julho (o PSOE), o direito de tentar formar maioria e o prazo de um mês para fazê-lo, estabelecendo o dia 27 de novembro como data limite. Caso a proposta socialista também fracasse, deverão ser convocadas novas eleições.