No programa SUB40 desta quinta-feira (17/06), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou Jesse Dayane, dirigente do movimento Levante Popular da Juventude. Ela avaliou o novo momento de mobilização popular que o Brasil vive e as perspectivas para as eleições de 2022.
Para Dayane, as manifestações de 29 de maio representaram uma importante vitória política para a esquerda, “foram um sinal de que há uma disposição em não esperar sentados para que o governo faça algo, de ir à luta”. Por isso, ela espera que as mobilizações convocadas para o dia 19 de junho poderão ter ainda mais força.
“O problema é a pandemia. Se o ato do 29M foi daquele tamanho apesar da pandemia, imagina sem. Teve muita gente que não [foi], não porque não estivesse indignado, mas porque está com medo, o que é supercompreensível”, agregou.
A dirigente ressaltou a importância das manifestações como elementos de desgaste de Bolsonaro, e de fortalecimento da esquerda para impor uma vitória nas eleições de 2022, que, na visão dela, representarão o desfecho da crise atual.
Nesse sentido, Dayane disse acreditar que “Lula pode representar um caminho para a juventude. A restituição de seus direitos políticos animou toda a esquerda”.
Ela relembrou que foi durante os governos petistas que o acesso às universidades, tanto públicas quanto privadas, foi democratizado.
“E assim passamos a fazer parte da política, porque a gente passou a fazer parte da universidade. É inegável o avanço que foi feito, mas temos muito mais pela frente. Temos que inverter a lógica de mais estudantes se matriculando na universidade privada do que pública. E precisamos de mais jovens ingressando no ensino superior. Aumentou muito, mas a parcela de jovens que entra na universidade ainda é muito pequena”, refletiu.
Levante Popular da Juventude
A trajetória política de Dayane está diretamente ligada ao movimento estudantil. Filha de empregada doméstica analfabeta e pai com Ensino Médio incompleto, ela contou que aprendeu a questionar sua realidade desde muito cedo. Ingressou no movimento secundarista durante o colégio, e na União Nacional dos Estudantes quando passou à universidade. Hoje, é dirigente do Levante Popular da Juventude.
UNE/Reprodução
Jesse Dayane foi a entrevistada desta quinta (17/06) no SUB40
Ela contou que o movimento nasceu no Rio Grande do Sul em 2006, com o objetivo de construir um movimento de massa de jovens. Em 2012, o movimento se nacionalizou na tentativa de cumprir esse objetivo.
A maioria dos militantes está atualmente ligados à Consulta Popular, grupo político que não disputa diretamente eleições, nem está oficialmente registrado. Da mesma forma, muitos se identificam com o marxismo, “mas não significa que se você não formar parte do Consulta Popular ou não for marxista você não pode entrar no Levante. Somos a porta de entrada para o jovem que quer se mover, aqui dentro fazemos a formação política”.
“A gente nasceu com a perspectiva de ser um movimento de massas, então nascemos negando a ideia de ser um movimento de um partido. A nossa luta não está na disputa eleitoral, apesar de reconhecê-la como uma luta importante, mas na organização popular e formação política. Queremos o povo organizado, participando da luta, que inclui eleger representantes de esquerda”, agregou.
As duas principais frentes de atuação do Levante atualmente são as frentes estudantis e territoriais. “A frente territorial é o trabalho nas periferias, que se pauta principalmente pela educação e pela cultura. Mas cada território tem as suas demandas, sua história, suas necessidades, não tem uma fórmula pronta”, relatou Dayane.
Durante a pandemia, por exemplo, o trabalho nas periferias esteve focado em campanhas de solidariedade e de formação de membros da comunidade, “que se aproximavam mais, demonstravam mais interesse”, para conscientizar o resto dos moradores sobre a pandemia e os métodos de proteção individual.