No programa SUB40 desta quinta-feira (05/11), o jornalista Breno Altman entrevistou a atriz paraibana Raquel Ferreira, uma das apresentadoras do Boletim Lula Livre que foi ao ar desde a prisão do ex-presidente até a recuperação de seus direitos políticos neste ano.
Ela contou que sempre teve uma ligação muito forte com questões sociais, chegando até mesmo a estudar para ser assistente social, “mas a forma que acabei encontrando para servir a sociedade foi através da arte”.
Assim, sua trajetória profissional sempre esteve muito interligada à sua trajetória como militante. Original de João Pessoa, a atriz paraibana revelou que nas eleições de 2018 realizava dramatizações em ônibus e feiras de rua para tentar virar votos: “Era um movimento chamado Teatro do Invisível, em que a gente entrava em duplas nos ônibus e uma pessoa se passava por possível eleitora do Bolsonaro e a outra fazia a função de virar voto. A gente tentava fazer da forma mais natural possível para que não parecesse teatro”.
Posteriormente, quando se mudou para São Paulo, em 2019, tornou- se apresentadora do Boletim Lula Livre, após a prisão da então apresentadora Preta Ferreira.
“O boletim começou com a prisão dele [de Lula] e continuou até depois de ele ser solto, porque ele não estava livre ainda. E quando Preta foi solta ela voltou a apresentar o programa comigo. Agora que Lula está em liberdade e com seus direitos políticos restaurados, já não faz mais sentido dar continuidade ao projeto”, enfatizou.
A luta, porém, continua. Ferreira lamentou o governo, “ou desgoverno”, de Jair Bolsonaro, disse temer o quanto ele ainda pode “quebrar” o Brasil até 2023, quando assuma o novo presidente, e afirmou que sua saída do Palácio do Planalto representaria o maior momento da história do país.
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Atriz paraibana fala sobre carreira, conta engajamento na Campanha Lula e defende a cultura como ferramenta de transformação
Transformação pela cultura
Ela comparou o momento atual com os governos petistas, que definiu como “o momento mais glorioso do nosso país”, também em termos culturais, com Gilberto Gil como ministro da Cultura, editais e valorização da cultura fora do eixo Rio-São Paulo.
Por outro lado, ela criticou a manutenção da Lei Rouanet, que “atrapalha mais do que auxilia a democratização da cultura, prioriza quem já tem espaço e recursos”.
Assim, a atriz afirmou que um novo governo de esquerda, depois de lidar com as questões emergenciais que o Brasil está vivendo, retome uma política “básica de cultura, porque nem Ministério da Cultura temos mais, com muitos artistas passando necessidade, tendo até que dar um tempo da área para poder se sustentar”.
“Depois desse trabalho inicial de levantamento do país, imagino que se restaure o MinC, que é uma instituição que assegura os nossos direitos; e a criação de editais e incentivos públicos, até para contribuir a diminuir a desigualdade regional da produção audiovisual”, refletiu Ferreira.
Ela ressaltou o quanto as instituições públicas serão importantes em um novo governo e disse esperar que a cultura seja tratada com a atenção que merece devido ao seu grande potencial transformador.
“Quando vemos projetos de teatro em comunidades ou entre crianças e adolescentes, vemos o quanto as pessoas vão se transformando a partir do teatro, o quanto vão se conhecendo, seus sentimentos, sua autoestima. Percebo comigo mesma o quanto me transformei, passei a ter senso crítico, a agir mais, me colocar mais e a participar mais da sociedade”, discorreu.