Carles Puigdemont, ex-presidente da Catalunha (2016-2017) e exilado pela Justiça Espanhola pela defesa do movimento separatista na região, anunciou na quinta-feira (21/03) que se apresentará como candidato do partido Juntos pela Catalunha (Junts) nas próximas eleições parlamentares catalãs, em 12 de maio.
O anúncio, feito durante uma conferência realizada em Elna, na França, ocorreu alguns dias após o Congresso espanhol aprovar a Lei da Anistia para a restauração dos direitos políticos dos envolvidos no processo separatista ocorrido em 2017, quando Puigdemont foi destituído.
Conferència a Elna https://t.co/tzG7Hdr479
— krls.eth / Carles Puigdemont (@KRLS) March 21, 2024
Assim, o ex-mandatário declarou que sua candidatura é uma “oportunidade de restituir” sua presidência que foi “destituída de forma injusta, ilícita e ilegal”
Diante de uma sala com plena lotação e rodeado pela direção do seu partido, Puigdemont lembrou que há seis anos mantém a sua luta pela independência da Catalunha, apesar da “repressão” e dos castigos contra o povo catalão por parte do Estado espanhol. Por esta razão, procura agora a sua reintegração na Presidência para “terminar o trabalho”.
“Não sou conformista, não gosto de me resignar, não procuro o que é mais confortável e menos arriscado a nível pessoal”, sublinhou Puigdemont, aclamado pelo público com gritos de “Presidente!”.
O político prometeu que o Junts não desistirá de “declarar independência total”, se assim for solicitado pela “vontade dos catalães” e prometeu um referendo de autodeterminação pela Catalunha.
“Faremos isso num contexto politicamente muito mais favorável do que em 2017, com lições valiosas aprendidas e com todo o movimento independentista a concluir o processo que começou”, afirmou o ex-presidente, defendendo que “há uma maioria social a favor da o direito à autodeterminação”.
Lei da Anistia
Com 178 votos a favor e 172 contra, o Congresso espanhol aprovou em 14 de março a Lei da Anistia, acordada entre o Governo, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e Esquerda Republicana de Catalunya (ERC) e os partidos independentistas catalães, como o próprio Junts.
✅ El #Pleno aprueba, por 178 votos a favor y 172 en contra, la Proposición de Ley Orgánica de amnistía para la normalización política, social e institucional en Cataluña, y la remite al Senado.
📝 Nota de prensa: https://t.co/uq6Z1lEkGP pic.twitter.com/sBnGSEA1iV
— Congreso (@Congreso_Es) March 14, 2024
A lei agora tramita pelo Senado, onde aguarda obstáculos já anunciados pelo Partido Popular (PP).
No final do debate, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, manifestou a sua satisfação, enquanto a porta-voz parlamentar dos independentistas catalães, Miriam Nogueras, afirmou: “Aprovamos uma lei que abrange todos aqueles que merecem amnistia”.
Acrescentou que a aprovação da norma é o resultado de “todos trabalharem juntos” e colocarem o país em primeiro lugar e não os partidos.
A reação de Puigdemont, líder dos catalães, não tardou a chegar, afirmando que a anistia responde ao objetivo de “ultrapassar uma fase errônea de repressão judicial e policial de um movimento político”.
(*) Com TeleSUR