Charles Gounod, celebrado compositor francês, morre em Saint-Cloud em 18 de outubro de 1893 de uma crise de apoplexia, deixando um Réquiem inacabado. Era o grande Camille Saint-Saëns, um de seus melhores amigos, quem estava ao órgão quando dos funerais na Igreja de la Madeleine em Paris.
Gounod nasceu em 17 de junho de 1818, em Paris. Órfão de pai aos 5 anos, foi com sua mãe que se iniciou na música, demonstrando desde cedo talento excepcional. Manifesta o desejo de seguir uma carreira musical e influenciado por obras como Don Juan de Mozart ou as sinfonias de Beethoven. Opta pela composição.
Em 1836 ingressa no Conservatório de Paris, tendo como professores Halévy e Lesueur. Segundo prêmio de Roma em 1837, é laureado com o Grande Prêmio em 1839, cumprindo residência de 2 anos na Villa Médicis.
Nos primeiros anos (1840-1850), Gounod se apaixona pela música sacra. Seduzido pela pureza da obra do compositor barroco Palestrina, que ouvira em Roma, e tentado pelo hábito eclesiástico, é nesse gênero que forja suas primeiras armas de compositor. Descobre o teatro lírico na alva do Segundo Império (Sapho, 1851), época em que comporia seus maiores sucessos operísticos. A queda do regime coincide com a estiagem de sua veia lírica.
Gounod volta às origens e compõe seus melhores oratórios. Ele era um dos principais representantes do estilo musical do Segundo Império. O refinamento extremo de sua linguagem, a preocupação com o detalhe, o ecletismo da inspiração, uma suavidade melódica e harmônica estão relacionados com os critérios estéticos em voga no reinado de Napoleão III.
Após sua estada em Roma em 1842, resolve partir para Viena, onde toca uma de suas missas, depois para Berlim em 1843, onde se encontra com Fanny Hensel. Ela lhe apresenta seu irmão, Félix Mendelssohn, quem lhe apresenta sua música sinfônica bem como pelas suas mãos as obras de Bach, até então praticamente desconhecidas. Mendelssohn passa a ser para ele um verdadeiro modelo.
De volta a Paris, em maio de 1843, imbuído da música de Mozart, Beethoven, Bach, Palestrina e Mendelsshon, torna-se mestre-capela e organista da Igreja das Missões Estrangeiras. Durante certo tempo, carregou o hábito sacerdotal e assinou cartas e composições como ‘abade Gounod’.
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A ópera
Após anos dedicados à religião, se dá conta que sua fama viria da ópera. Escreve a primeira delas, Sapho, por solicitação da cantora Pauline Viardot. A obra tem um sucesso mitigado porém chama a atenção da crítica pela simplicidade e clareza de estilo, rompendo com a tradição do bel canto italiano e com os excessos da ópera de Meyerbeer. Dizia: “Quando componho, penetro nos sentimentos, nas palavras e no caráter dos personagens e deixo falar meu coração”.
É o início de um período de intensa atividade criadora que dá nascimento a uma longa lista de obras cênicas, mais ou menos bem acolhidas pelo público. As mais célebres e consagradas são: Fausto (1859), o primeiro grande sucesso e a grande obra-prima; Mireille (1864)Romeu e Julieta (1867). Nessa época assume a direção da sociedade Orphéon de corais constituídos por cantores saídos das classes média e popular de Paris.
Esgotado por anos de trabalho ininterrupto, viaja a Roma em busca de serenidade que essa cidade lhe inspirava. Compõe uma nova ópera, Polyeucte, em que exprime de novo suas convicções religiosas. Conclui a obra em Londres onde se instala no começo da guerra franco-prussiana de 1870.
Em seu regresso à França não pôde representá-la uma vez que a partitura e o libreto haviam sido retidos por Georgina Weldon, cantora por ele atraída e que não aceitava sua partida. Gounod a reconstitui de memória, mas o fracasso de público o consterna: “Pereça minha obra, pereça meu Fausto, mas que Polyeucte seja encenada e viva!”