Georges Clémenceau, 76 anos, é designado como presidente do Conselho de Ministros da França pelo seu velho inimigo, o presidente da República, Raymond Poincaré. Ele forma um governo forte a fim de continuar e intensificar a guerra contra a Alemanha. O governo é composto essencialmente de ministros radicais e somente com a permanência de dois membros do gabinete anterior de Painlevé. Em seu discurso de posse Clémenceau anuncia a intenção de encurralar os derrotistas e os traidores. Sua determinação lhe traria o cognome de “Tigre”.
Em 15 de novembro de 1917, com seu país envolvido num terrível conflito internacional que havia sacrificado até aquele momento mais de um milhão de vidas de seus jovens combatentes, Georges Clemenceau é nomeado presidente do Conselho pela segunda vez.
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Georges Clemenceau em 1906
O jovem Clemenceau havia sido eleito primeiramente para o parlamento em 1876, cinco anos após a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana. Desde aquela época considerava a nova Alemanha unida uma ameaça e uma nova guerra seria inevitável, uma vez que a “Alemanha acreditava que a lógica de sua vitória significava dominação”. Com uma sólida taxa de crescimento industrial e uma população em franco crescimento, a Alemanha aumentou sua vantagem comparativa nas décadas seguintes.
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Enquanto isso, a economia francesa permanecia estática e sua taxa de natalidade indicava declínio. Clemenceau, que servira como primeiro ministro de 1906 a 1909, manteve-se veementemente anti-germânico, defendendo uma melhor preparação militar e alianças mais estreitas com a Grã Bretanha e Rússia.
As predições de Clemenceau foram confirmadas no verão de 1914 com a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Três presidentes de Conselho – Rene Viviani, Aristide Briand e Paul Painleve, governaram durante os três primeiros anos da Guerra, ocasião em que a continua carnificina dos campos de batalha combinada com a agitação social interna levou o moral do país aos níveis mais baixos.
Em novembro de 1917, o presidente Raymond Poincare deixou de lado sua antipatia com o “Tigre” e pediu-lhe que assumisse novamente o posto de presidente do Conselho de Ministros. A despeito da longa história de animosidade entre os dois, Poincare reconhecia que Clemenceau compartilhava de seu desejo de derrotar a Alemanha a qualquer preço e tinha disposição de levar essa determinação até o final apesar das facções derrotistas no seio do próprio governo e conclamavam por imediato fim do conflito.
Imediatamente após assumir o posto, determinou a prisão do principal opositor pacifista, Joseph Caillaux, acusado de traição. Em seguida, prometeu não se render, transmitindo à Câmara de Deputados que “o único dever da França agora era ser fiel ao soldado, viver, sofrer e lutar com ele.” Ao longo do ano seguinte, Clemenceau manteria o país unido através dos dias mais sombrios da Guerra e finalmente à luz do armistício. Em novembro de 1918, quando tomou conhecimento que os alemães concordavam com o armistício, o velho “Tigre” derramou-se em lágrimas.
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Na conferência de paz de Paris em 1919, Clemenceau manteve-se ao lado do primeiro ministro britânico David Lloyd George e do presidente norte-americano Woodrow Wilson como os três principais negociadores. Clemenceau pessoalmente antipatizava com os dois, certa manifestando publicamente uma observação que se tornou famosa, que “às vezes sentia ter de um lado Jesus Cristo e de outro Napoleão Bonaparte.” Em especial, colidia com Wilson, a quem considerava demasiado idealista em sua visão de mundo pós-guerra.
Embora Clemenceau tivesse sido bem sucedido em insistir que do Tratado de Versalhes constasse o desarmamento da Alemanha e pesadas reparações de Guerra, bem como o retorno à soberania da França dos territórios da Alsácia-Lorena perdidos na Guerra Franco-Prussiana, ficou insatisfeito com os termos finais do tratado, acreditando que tratou a Alemanha com muita leniência.
A maioria do eleitorado da França concordou com este ponto de vista, tanto que, em janeiro de 1920, rejeitou a recondução de seu velho herói como primeiro ministro. Ao se retirar da cena política, Clemenceau publicou suas memórias “A Grandeza e a Miséria da Vitória” em que predisse que uma nova Guerra contra a Alemanha eclodiria por volta de 1940. Clemenceau morreu em 24 de novembro de 1929 em Paris.
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