O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (29/05) discutiu a política energética do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus muitos aspectos que envolvem a principal estatal brasileira do setor: a Petrobras.
Para melhor tratar do tema o diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo Sereza conversou sobre o tema com José Sérgio Gabrielli, que nomeado por Lula como presidente da Petrobras em 2005, no primeiro mandato do petista, e que ocupou o cargo até 2012, já durante o governo de Dilma Rousseff.
Segundo Gabrielli, “a Petrobras, todos os anos, faz uma revisão do seu plano de negócios, projetando cinco anos na frente, e vai fazer este ano também. Hoje, o plano de negócios da Petrobras vai de 2023 a 2027. Mas na indústria de petróleo, não basta só olhar para daqui a cinco anos, é preciso uma visão um pouco mais longa, porque nada na indústria do petróleo é de curto prazo”.

“Nos últimos anos, o plano de negócios da Petrobras se resumiu a buscar pagamento de dividendos e pagamento de dívidas. Virou um plano financeiro. A expansão produtiva foi deixada de lado, como se a empresa estivesse condenada a morrer”, contou o economista.
Gabrielli também comentou a proposta de Luiz Gonzaga Belluzzo de o Estado recuperar o controle da Eletrobras [privatizada durante o governo Bolsonaro] e fundi-la com a Petrobras, criando uma megaempresa estatal energética.
Segundo ele, essa fusão não daria certo. “Nós temos duas grandes empresas, a Eletrobras tem uma cultura fortemente voltada para a produção de energia elétrica, com características próprias muito distintas da atividade do petróleo, e a Petrobras também tem a sua cultura própria. A fusão dessas duas empresas diminuiria a eficiência sistêmica”.
“Quanto à questão da reestatização, acho que no caso da Eletrobras, se o governo conseguir revogar o acordo, que foi feito pela gestão anterior, de limitar o poder de voto do governo na Eletrobras a 10%, mesmo tendo 40% do capital votante, se isso for feito, a possibilidade de o governo voltar a ter influência aumenta, sem precisar recomprar ações, que eu acho que seria um desperdício de recursos”, analisou o professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA).