O programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (16/12) recebeu o sociólogo Michael Löwy, nascido no Brasil mas radicado na França. Ele conversou com o diretor de redação do Haroldo Ceravolo Sereza, sobre os anseios da sociedade por um modelo mais sustentável, e o que o capitalismo e o socialismo oferecem nesse sentido.
O tema aborda dois termos que estão em moda no debate a respeito: ecossocialismo e capitalismo verde.
A entrevista começou com Löwy falando sobre as repercussões do primeiro manifesto que reivindicou o termo ecossocialismo, escrito por ele mesmo em 2001. Segundo o sociólogo, “hoje em dia há muito mais pessoas, no mundo inteiro, no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, que se declaram ecossocialistas, e outros tantos que estão se interessando por isso. É algo que não se deve ao manifesto de 21 anos atrás, nem aos meus livros, e sim ao agravamento da crise ecológica. É o que faz com que cada vez mais pessoas, na esquerda, nos movimentos sociais, na juventude, se interessem por alternativas radicais”.
Sobre a outra opção, o capitalismo verde, o sociólogo afirmou que “os representantes do sistema atual, o sistema dominante, que é o capitalismo, e os governos que o exprimem, todos acham que o problema realmente é grave, mas que dá para resolver com os métodos do mercado. Só que isso não funciona, e a prova disso é que a temperatura continua aumentando”.
Reprodução
O filósofo e sociólogo marxista Michael Löwy
Löwy também se referiu à tese de que certos discursos ecológicos podem reproduzir uma espécie de “racismo ambiental”.
“Essas ideias de que evitar viagens de avião da Europa para a América do Sul [como forma de combater o uso de combustíveis fósseis] são baseadas em uma hipótese que é falsa. A hipótese de que os problemas ecológicos e climáticos podem ser resolvidos pela mudança dos comportamentos individuais. Com isso, se culpa o indivíduo e se exige que ele mude seu comportamento. Não é isso que vai resolver o problema, que é estrutural, é o modo de produção”, analisou o sociólogo.
Sobre a atividade dos partidos verdes na Europa e a defesa do ecossocialismo, o acadêmico afirma que “na França e na Alemanha, os partidos verdes tinham maior relevância, mas participaram de governo de centro-esquerda muito diluídos, com um programa social fraco, ou às vezes inexistente, ou às vezes até negativo, como foi o caso da França, no governo do François Hollande. No caso da Alemanha, o Partido Verde se tornou praticamente um partido de direita, que defende a OTAN, defende o imperialismo americano, o rearmamento da Alemanha, e vai por aí”.